Assoreamento crónico do rio Minho condiciona operacionalidade dos meios de salvamento
Municípios de Caminha e A Guarda reclamam dos governos de Portugal e Espanha soluções para acúmulo de sedimentos contínuo no leito daquele curso de água internacional
Corpo do artigo
Os municípios de Caminha e de A Guarda, nas margens do rio Minho, insistem nos apelos aos governos português e espanhol, para que encontrem uma solução para o assoreamento crónico daquele rio internacional. Os autarcas português e galego consideram prioritário o transporte fluvial, que até 2021 era assegurado pelo ferryboat Santa Rita de Cássia, mas cujo regresso está condicionado ao estado do rio. E, do lado português, o presidente da câmara de Caminha, Rui Lages, alerta mesmo para o facto do assoreamento do Minho também estar a colocar em risco a operacionalidade dos meios de socorro em ações de salvamento.
“Infelizmente, os nossos governos, e eu falo pelo Governo de Portugal, tem feito ouvidos de mercador relativamente às nossas preocupações, mas chegará uma altura em que não conseguiremos protelar mais. Aquilo que vemos é que o assoreamento do nosso rio, condiciona a atividade da pesca, as atividades marítimo-turísticas e também condiciona, e muito, o salvamento, porque temos a autoridade marítima [instalada] num posto, com as suas embarcações, na foz do rio Minho, que tem muita dificuldade também em poder operar e sair numa situação de necessidade”, declarou Rui Lages à TSF, continuando: “Tudo isto tem de ser visto pelo nosso Governo, que eu sei que envolve diversos Ministérios, diversas secretarias de Estado, mas o Governo é uno e tem de haver alguém que tome uma posição rápida, célere, para que possamos ter novamente este rio com dinamismo.”
Uma das faces mais visíveis do problema é o assoreamento contínuo do canal de navegação do antigo ferryboat, que está parado há três anos, mas que já anteriormente e ao longo de vários anos funcionava de forma intermitente, ao sabor das marés [parava na maré baixa], devido ao excessivo acúmulo de sedimentos.
“Temos um ferryboat que neste momento se encontra ancorado, parado, sobre um banco de areia, porque o rio está verdadeiramente moribundo. É um rio que necessita de ser intervencionado. Necessita de ser olhado por quem de direito”, reclama o autarca de Caminha, acrescentando: “Não pode competir à câmara de Caminha ou aos ayuntamientos (autarquias) de A Guarda ou de O Rosal (Galiza), pequenos órgãos da administração pública, fazer investimentos avultadíssimos na gestão de um recurso que tem de ser olhado pelos Governos, como importante e fundamental.”
Por seu turno, o alcaide de A Guarda, Roberto Carrero, recorda que os municípios português e galego já interpelaram as administrações centrais portuguesa e espanhola “para tentar encontrar uma solução integral ao problema do assoreamento do rio Minho, nomeadamente, na desembocadura”. “As autoridades espanholas comprometeram-se a fazer um relatório pormenorizado, mas de momento continuamos a aguardar. É uma questão vital para estes municípios para que se possam conectar de uma forma efetiva, através do ferryboat”, informou Roberto Carrero, considerando que a falta de um transporte coletivo fluvial está a provocar “prejuízos económicos, sociais, turísticos e laborais” nas duas margens.
Atualmente, aquela conexão fluvial, está a ser assegurada por pequenas embarcações que atravessam peregrinos e turistas de uma margem para a outra.
O ferryboat Santa Rita de Cássia opera no Minho deste 1995. Há quase três anos parou, porque, na margem galega, o cais de atracação apresentava problemas de segurança. A reparação da estrutura portuária, da responsabilidade da parte galega, pela Portos de Galicia, foi concretizada num investimento de 580 mil euros, mas as carreiras fluviais não foram retomadas. A embarcação permanece atracada no cais de Caminha.
