Ataque informático à AMA: resposta do Governo "dá sensação que havia preparação insuficiente"
O ministro da Presidência explicou que os serviços do Estado não foram repostos de forma imediata porque a precipitação não é boa conselheira. Ouvido pela TSF, o especialista em cibersegurança Henrique Santos criticou os argumentos "sem sentido" do ministro da Presidência
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O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, defendeu esta quarta-feira que "a precipitação voluntarista" não é boa conselheira no ataque à Agência para a Modernização Administrativa (AMA). As declarações geraram polémica para o especialista em cibersegurança Henrique Santos que, em declarações à TSF, lamentou o argumento sem sentido e típico de um "Estado pouco preocupado".
"Fazer sentido não faz. Dá uma sensação que havia uma preparação insuficiente para este tipo de ataque", disse o professor na Universidade do Minho Henrique Santos, notando que o ataque dificilmente se repete com facilidade.
Henrique Santos explicou que este tipo de ataque "consegue aceder à rede interna, cifrar os dados que lá estão disponíveis e comprometer o funcionamento do sistema. Depois há normalmente um pedido de indemnização para entregar a chave que permite decifrar tudo".
"Não me parece que exista uma ameaça iminente, após repor o backup, de voltar a acontecer. Não é credível", reforçou, após o ministro da Presidência ter defendido esta quarta-feira uma recuperação dos serviços gradual e afastada do habitual backup para repor os serviços todos.
Para Leitão Amaro, o Governo aprendeu com experiências passadas e "o problema é que a ameaça pode ainda estar dentro do sistema, o que faz com que a reposição tenha de ser cancelada". Esta é, no entanto, para os especialistas, mais uma premissa que revela um país "muito otimista".
"Se formos ver o historial que temos enquanto Estado na resposta a estas questões, partimos sempre do princípio que somos muito pequenos e nada nos acontece", criticou Henrique Santos, acrescentando que o executivo está "pouco preocupado com esta dimensão".
A 10 de outubro, as infraestruturas da Agência para a Modernização Administrativa (AMA) foram alvo de um ciberataque, tendo a entidade informado "que se encontrava com uma disrupção na sua rede em virtude de um ataque informático ('ransomware') e, por isso, esteve, preventivamente, indisponível o acesso a diversas plataformas e serviços digitais".