O Ministério da Cultura quer os músicos das orquestras com 1,5 metros de distância nos palcos e os instrumentos de sopro afastados dois metros. Maestros dizem que será difícil.
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Uma verdadeira orquestra sinfónica é formada por cerca de 70 a 80 músicos. Por isso, com tantos instrumentos em palco, o Maestro António Vitorino de Almeida considera difícil manter as distâncias pedidas pelo Ministério da Cultura. Tanto com orquestras desta dimensão como com formações um pouco menores. "Estar a pôr os músicos em cima uns dos outros é como ter qualquer cidadão em cima de outro, por isso não vejo hipótese nenhuma", afirma.
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O maestro Rui Massena sublinha que esta regras agora enunciadas pelo Ministério da Cultura se baseiam em estudos avançados pelas orquestras de Berlim. No entanto, lembra que há outro estudo mais recente que aponta dados diferentes." A Filarmónica de Viena fez um estudo em que introduziu uma substância que permitia observar o comportamento da expiração dos músicos",explica. Esse estudo chegou à conclusão que " os músicos de sopro não emitiam partículas além dos 80 centímetros, sendo a flauta o instrumento que mais longe atira as gotículas", conta.
Tanto um como outro maestro acreditam que, enquanto durarem as incertezas sobre o comportamento do vírus, o caminho será escolher reportórios diferentes para orquestras de câmara, com formações mais pequenas. No entanto, sublinham que é essencial o regresso à atividade.
"É importante que as orquestras voltem aos palcos" e , se tiverem que tocar com formações mais pequenas" isso representa um desafio", considera Rui Massena.
Vitorino de Almeida lembra que "há um vasto repertório de música de câmara", com muita qualidade. Para o maestro, "se as orquestras aceitarem fazer concertos de câmara, a pandemia será um milagre bom para a música portuguesa".
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