Oficiais dizem que "está em marcha uma destruição deliberada das Forças Armadas".
Corpo do artigo
No balanço entre entradas e saídas, as Forças Armadas portuguesas estão a perder uma média de quatro a cinco militares por dia desde o início do ano. O número de saídas chegou a 1.220 entre janeiro e setembro e a Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) está convencida que 2019 será um dos piores anos dos últimos tempos.
O presidente da AOFA defende que estamos a assistir à morte "deliberada" das Forças Armadas fruto de salários baixos que facilmente são ultrapassados noutros empregos no Estado (por exemplo na GNR e PSP) ou no privado, sobretudo numa altura de crescimento económico.
António Mota diz à TSF que 90% destas saídas são de praças que ganham o salário mínimo nacional e que, naturalmente, procuram melhores ordenados fora da carreira militar.
"Um militar que que vá para a GNR fica logo à auferir mais 250 euros. Assim ninguém quer vir para as Forças Armadas", defende.
O representante dos oficiais dá outro exemplo: "Ainda recentemente uma grande cadeia espanhola de supermercados que abriu a Norte só de uma vez foi buscar cem militares do Exército para fazer reposições".
"As Forças Armadas são o melhor sítio para encontrar mão de obra barata - menos que os militares ninguém ganha", explica António Mota.
TSF\audio\2019\12\noticias\11\nuno_guedes_forcas_armadas
Os números da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP), consultados pela TSF, revelam que em setembro de 2019 existia um efetivo de 25.580 militares, menos 4,5% que no final de 2018 e menos 26% que oito anos antes em 2011.
O presidente da AOFA recorda, contudo, que 2019 ainda não acabou e a informação que têm é que as saídas vão continuar a subir até ao final do ano.
"Estes números são extremamente preocupantes. Aquilo que está em marcha é uma destruição deliberada das Forças Armadas", argumenta António Mota que garante que a situação se vai agravar de ano para ano.
Para aqueles que dizem que 25 mil militares é suficiente num país como Portugal, António Mota responde dizendo que, em 2011, o Governo definiu que 32 mil militares seria o mínimo para o país cumprir as suas necessidades de Defesa e ter as Forças Armadas "a funcionar".
Além disso, a AOFA acrescenta que desde então os militares passaram a ter novas missões como o apoio no combate a fogos florestais.