"Atenção urgente e imediata." Doenças sexualmente transmissíveis a aumentar na Europa
O Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças nota um aumento significativo e preocupante de casos de sífilis, gonorreia e clamídia em 28 países europeus. Em Portugal, os doentes com sífilis aumentaram 25%, em 2022.
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O aumento das doenças sexualmente transmissíveis (DST) na Europa revela uma "onda preocupante", que exige uma "atenção urgente e esfoços concertados". O alerta é do director do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC), com base no relatório anual relativo a 2022. Os dados revelam um aumento muito significativo de doenças como a sifilis, a gonorreia e a clamídia.
Em comparação com o ano anterior, houve um aumento de 48% no número de doentes com gonorreia. Eram quase 71 mil infectados, nos 28 países avaliados no estudo, o que representa o número mais elevado desde que se começou a fazer o registo das infecções sexualmente transmissiveis, na Europa.
As mulheres entre os 20 e 24 anos são as que registaram um maior aumento - uma preocupação acrescida porque se não for tratada, a gonorreia pode provocar infertilidade.
Quanto aos casos de sífilis, a subida foi de 34% na Europa, com Portugal a surgir entre os países que registaram um maior acréscimo. Em 2022, o nosso país estava em sexto lugar com maior taxa de casos, um aumento de 25% em comparação com o ano anterior. No que toca à sifilis, há oito vezes mais homens do que mulheres infectados, em especial na faixa etária dos 25 aos 34 anos.
Os doentes com clamídia também estão em alta, com um aumento de 16%. A taxa mais elevada atinge, em especial, as mulheres dos 20 aos 24 anos. Em Portugal, os doentes com clamidia estão a crescer desde pelo menos 2018, quando havia 613 doentes sinalizados. Em 2022, eram mais do dobro: cerca de mil e 500.
A clamídia pode também provocar infertilidade se não for tratada. Outras consequências das DST são a dor crónica, doenças inflamatórias da pelvis e problemas neurológicos e cardiovasculares.
O Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças lembra que muitas destas infecções são assintomáticas. Por isso, o doente pode ser fonte de contágio sem o saber.
A directora do ECDC, Andrea Ammon, assume que está "profundamente preocupada" com este aumento "substancial" e sublinha a necessidade urgente de medidas imediatas, para prevenir futuras transmissões e mitigar o impacto das DST na saúde pública. "Testar, tratar e prevenir estão no coração de qualquer estratégia de longo prazo", afirma o ECDC, que defende como prioridades a educação sexual, um maior acesso à testagem, sobretudo para quem tem novos e múltiplos parceiros sexuais.
Além disso, o tratamento deve ser rápido e deve ser promovido o "uso consistente" do preservativo.