"Atestado de irresponsabilidade." Escola de Famalicão proíbe professores e auxiliares de usarem telemóveis
"Vamos tentar falar com a própria escola e com colegas das escolas, se houver assim uma queixa mais direta, mas o que eu diria assim à partida é que nos parece exageradíssimo", disse José Feliciano Costa à TSF
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A Fenprof vai tentar perceber o que se passa no agrupamento de escolas Camilo Castelo Branco, em Vila Nova de Famalicão, onde os professores e auxiliares estão proibidos de utilizar os telemóveis, à semelhança do que acontece com os alunos do 1.º e 2.º ciclos.
"Para já, não há nenhuma queixa formal, que eu saiba neste momento, de nenhum professor desta escola. Agora, que é uma situação estranhíssima, é. Enfim, não nos parece que tenha assim muita lógica a proibição, porque os professores são adultos, estão dentro de uma escola, são professores e evidentemente que usam o telemóvel quando é necessário. Evidentemente que não o devem usar dentro da sala de aula. Vamos tentar falar com a própria escola e com colegas das escolas, se houver assim uma queixa mais direta, mas o que eu diria assim à partida é que nos parece exageradíssimo e um atestado de irresponsabilidade que é passado aos professores", disse José Feliciano Costa, secretário-geral da Fenprof, à TSF.
O Correio da Manhã noticiou esta segunda-feira que os profissionais da instituição de ensino em Famalicão estão proibidos de utilizar o telemóvel dentro da escola. O presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, admite que as escolas têm autonomia para decidir, mas que, no seu caso, não avançaria com a proibição.
"Eu, por exemplo, não o faria. Muitos de nós, muitos diretores de muitas escolas não o estão a fazer. Aliás, penso mesmo que são casos residuais em que isso neste momento está a acontecer. Agora, cada escola, cada conselho pedagógico, cada conselho geral tomará a decisão e essa escola de Famalicão tomou a decisão que no grosso das escolas públicas portuguesas não está a acontecer. Não será uma medida bem vista pelos professores, na minha opinião, porque estamos a falar de patamares de atação diferentes", disse à TSF.
Para o presidente da ANDAEP pede o exemplo aos pais: "Eu aconselharia cada escola que quiser dar o exemplo a debater esse assunto internamente numa primeira fase. Agora, eu aconselharia a dar o exemplo aos pais. Os pais é que têm de dar o exemplo lá em casa. Os pais é que têm de saber se os filhos à noite vão para a cama dormir ou se vão estar ligados ao ecrã. Os pais é que têm de saber se no restaurante, por exemplo, devem ou não ceder o telemóvel para eles estarem calados, sentados e quietos. Os pais é que são responsáveis para dar, de facto, o exemplo aos filhos e eu espero que isso aconteça. Nós, nas escolas, damos bons exemplos todos os dias."