"Atrasa-se todo o processo de preparação do ano letivo." Diretores escolares preocupados com problemas no Portal das Matrículas
Os problemas informáticos no Portal das Matrículas não estão completamente resolvidos
Corpo do artigo
O Ministério da Educação ainda não respondeu ao pedido da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP) para que haja mais tempo para as matrículas. O prazo para as matrículas do 6.º ao 9.º ano termina esta sexta-feira e o Portal das Matrículas continua a dar problemas.
Com o problema a persistir, a CONFAP quer que o Ministério da Educação prolongue o novo prazo. É um pedido que faz todo o sentido na opinião de Manuel Pereira, o presidente da Associação de Dirigentes Escolares.
"É um problema que muito angustia os encarregados de educação e naturalmente também as escolas, que elas próprias têm que construir as turmas, organizar as turmas, saber o número de alunos que vão ter, saber as turmas que vão ter, os professores que vão precisar. Enquanto esses dados não estiverem todos nas respetivas plataformas, nós não podemos fazer nada. Também não posso dizer - volto a dizer que não sou pessimista - que estamos fora do tempo. Com certeza que ainda estamos dentro do tempo, ainda temos tempo suficiente para isso. Isto até se não gozarmos férias haverá tempo que chegue ainda. O ministério tem previsto a partir da próxima reuniões com o ministro e com os diretores, no sentido de esclarecer algumas dúvidas, dar algumas orientações, nomeadamente sobre recursos, créditos, sobre os técnicos, enfim, tudo isso e, portanto, estamos à espera da próxima semana para, de viva-voz, receber todas as informações que faltam", explica à TSF Manuel Pereira.
O responsável, ouvido esta quinta-feira de manhã no Fórum TSF, alerta que estes problemas no Portal das Matrículas complicam a preparação do próximo ano letivo.
"Já está a ser prolongado sucessivamente. A plataforma tem estado off em muitos dias consecutivos. Naturalmente, o Ministério terá que alargar o prazo, prolongar o prazo. Só que isto funciona tudo em cadeia. Quanto mais se atrasa o início nas matrículas, todo o processo de construção e preparação do próximo ano letivo também se atrasa. E tudo isto é, como lhe digo, bastante preocupante", admite o presidente da Associação de Dirigentes Escolares.
Manuel Pereira acrescenta que nas últimas semanas se multiplicaram os problemas informáticos nas várias plataformas associadas ao Ministério da Educação, que afetam os alunos, a colocação de professores e a gestão de exames e manuais escolares. À semelhança do presidente da Associação de Dirigentes Escolares, Cristina Mota, a porta-voz da Missão Escola Pública, não esconde os receios em relação ao arranque do próximo ano letivo.
"Acredito que isso vai que vai ter lugar tendo em conta que as ofertas de escola estão a garantir muitos dos horários, principalmente aqui na zona metropolitana de Lisboa e Algarve. Tudo depende sempre da vontade do Governo, de que medidas implementar. Agora que estamos a chegar ao final deste concurso interno e externo, uma das questões que poderia vir a ser conhecida era, por exemplo, as ajudas de custo que poderiam ter lugar de modo a fixar alguns dos professores que estão a concorrer para fora das suas áreas de residência", aponta Cristina Mota.
Filinto Lima, o presidente da direção da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), fez no Fórum TSF um apelo ao Governo para que divulgue as listas de colocações o mais rápido possível.
"Faço votos para que a lista de professores, que está tudo ansioso para que saia, saia no mais curto espaço de tempo possível. Até porque, como eu disse, a seguir, para muitos professores, há novos concursos, irá haver uma nova realidade, vão existir novas escolas no próximo ano letivo e os professores devem saber a tempo e horas. E a tempo e horas não é no dia anterior, é com muitos dias de antecedência, com semanas e meses de antecedência. Para saberem para que escola é que vão lecionar a partir do dia 1 de setembro", espera Filinto Lima.
O atraso na divulgação das listas de colocação de professores é uma questão que também preocupa o presidente do Conselho das Escolas, António Castel-Branco, que receia que o problema possa agravar-se em algumas regiões do país no próximo ano letivo.
"Este processo está já relativamente atrasado porque ainda nem saíram estes resultados. Recordo que depois deste concurso, depois das colocações, das reclamações, etc. terá que haver o concurso para a mobilidade interna, ou seja, muitos dos professores que vão ser colocados agora vão concorrer para se aproximar da previdência caso não estejam numa escola onde pretendam ficar para lecionar durante o ano letivo. Portanto vai ser um período algo conturbado, preveem-se grandes mudanças nas escolas. O nosso receio é que as escolas onde há mais falta de professores - que eu recordo que são as escolas da Região de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve - fiquem ainda com mais falta de professores. Esse é um problema que nos preocupa muito", disse António Castel-Branco.
Já o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, afirma que não há razões para o Governo não ter, até agora, divulgado as listas de colocação de professores.
"O ministério fez saber que já viu todas as reclamações, e isso soubemos no início da semana, portanto não faz sentido que não sejam cá postas fora, o mais rapidamente possível, as listas de colocação. Lembro que da última vez que houve um concurso geral, um concurso interno e externo, como este ano, em que todos podem concorrer, foi em 2021 e as listas saíram a 8 de julho. Se saírem amanhã ainda se ganham 3 dias. Espero que amanhã todos saibamos o resultado deste concurso", acrescentou Mário Nogueira.
