Este tribunal considera que o aeroporto de Beja não atingiu qualquer objectivo estratégico e não contribuiu para o desenvolvimento da região nem para a criação de emprego.
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O Tribunal de Contas revelou que se têm acumulado atrasos e adiamentos no aeroporto de Beja e que o desvio de custos chega já aos dez por cento, sendo para já necessário gastar mais 39 milhões de euros do que o previsto.
Este tribunal adianta ainda que nenhum objectivo estratégico foi cumprido, dado que não há operadores, negócios com companhias aéreas, nem acessos, facto que faz que esta infraestrutura não tenha contribuído para o desenvolvimento da região nem para a criação de emprego.
Foram detectados atrasos nas três principais empreitadas e gastos mais 2,304 milhões de euros do que o previsto, por causa da revisão de preços, erros, omissões de projectos e trabalhos a mais.
A empresa responsável pela desenvolvimento deste aeroporto, a EDAB, é critica por nunca ter apresentado um plano de negócios, pelo quadro de incerteza de viabilidade económica e financeira e por só ter acumulado prejuízos em nove anos.
Na resposta, a empresa, que aponta o início das operações para o Verão de 2011, justifica os atrasos por causa da actual crise, tendo reconhecido a urgência na construção de vias de acesso, muito embora tenha lembrado que esta é uma competência do Governo.
Em declarações à TSF, o presidente da câmara de Beja reconheceu a existência de atrasos, mas questiona a legitimidade do Tribunal de Contas para se pronunciar sobre esta questão.
«Estamos a falar de um projecto que ainda nem sequer, em termos de infraestruturas, está completamente terminado. Naturalmente, que os efeitos em termos de desenvolvimento regional e em termos de objectivos a atingir não podem ser medidos nesta fase», acrescentou Jorge Pulido Valente.
Este autarca lembrou ainda que já há uma equipa da ANA a trabalhar em permanência no aeroporto e já interesses de empresas em fixarem-se neste aeroporto, daí que «Beja já está a ganhar».
«Estamos envolvidos na formação de técnicos de manutenção de aeronaves para concretizar uma escola neste âmbito. Estão mais empresas a trabalhar no sentido de fazer um aproveitamento intensivo daquilo que é a capacidade através do aeroporto», concluiu.
Numa resposta enviada à TSF, o Ministério das Obras Públicas disse que o aeroporto de Beja, mal entre em funcionamento, será um factor de desenvolvimento e cumprirá os objectivos estratégicos.
Sobre o desvio de custos, a tutela informa que até há uma poupança em relação ao que foi anunciado e que os acessos de que fala o Tribunal de Contas estão já em construção.