Líder da Associação de Alojamento Local em Portugal explica que os proprietários precisam de manter o "nível de tesouraria" e alerta que muitos vão ter de começar a pagar dívidas que contraíram durante a pandemia.
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Com o período de férias à porta - ou já em marcha para alguns - são muitos os portugueses e estrangeiros que, nesta altura do ano, procuram alojamento para as férias de verão. Optar pelo alojamento local é uma das hipóteses, mas pode encarecer.
O presidente da Associação de Alojamento Local em Portugal (APEL), Eduardo Miranda, admitiu em declarações ao Dinheiro Vivo um aumento de preços "entre 8% e 10%, à boleia da inflação" e não descartou "um novo aumento", num momento em que os custos dos proprietários "já subiram 15%".
Em declarações à TSF, Eduardo Miranda explica que o que aconteceu "foi uma atualização", importante para "conseguir manter-se o nível de tesouraria", algo "fundamental porque, nos próximos dois ou três anos, parte dos operadores vai ter de pagar as dívidas que contraiu durante a pandemia". A estes fatores junta-se a subida dos preços dos combustíveis, que está a fazer aumentar os custos.
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Para já, o início do verão permitiu ao setor sentir alguma recuperação, mas a expectativa é de que, ainda assim, a taxa de ocupação fique 10% abaixo da registada em 2019, no último verão antes da pandemia de Covid-19.
Os registos de novos alojamentos em Lisboa caíram 94% em maio face ao mês anterior, o que se traduz no valor mais baixo dos últimos dez anos, cenário que nasce da decisão, pela Assembleia Municipal de Lisboa, de limitar o registo de novos alojamentos locais. Atualmente, apenas 14 das 24 freguesias da cidade permitem novos registos. Estas limitações, alerta Eduardo Miranda, atrasam a "renovação de que qualquer setor precisa".
"O modelo de contenção o que faz é, não só proibir novos registos, mas também proibir a transmissão de registos. Quer dizer que não há, nem renovação por entrada de novos, nem renovação por transmissão ou alteração de proprietários", explica o representante do setor, que alerta que esta opção pode, "a médio e longo prazo, afetar a qualidade e a qualificação".
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Juntam-se a estas limitações "fatores de insegurança como mudanças fiscais" e está criado um conjunto de circunstância que, sublinha, "desincentiva o investimento em qualificação".
"Se queremos um turismo sustentável temos de criar um ambiente estável e que proporcione um incentivo ao investimento na qualificação. É uma preocupação de médio prazo importante", remata.