David Justino e Carlos César concordam que injeção na TAP tem de ter como contrapartida mais poder para o Estado.
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A providência cautelar que alega o desrespeito da TAP pelo território do Norte vem, na visão de David Justino, "dar força ao Governo na negociação com os acionistas" da companhia aérea, podendo ser uma "ajuda".
O social-democrata considera que a "polémica era dispensável se houvesse de parte da administração da TAP a mínima consciência de que a TAP, além de ser uma empresa privada com capitais públicos, tem uma obrigação de serviço público".
"O Estado não está lá com 50% de capital só para viabilizar a TAP, está lá para garantir que a TAP tem uma componente de serviço público que não pode ser ignorado", realça.
David Justino acredita que injetar dinheiro na TAP "sem ter garantias sobre o plano de negócios e desenvolvimento da companhia é arriscar-se a ter uma nova edição do Novo Banco", sublinhando que "temos de nos precaver" dessa realidade, tendo em conta que o dinheiro dos contribuintes tem de acontecer de forma prudente.
O vice-presidente do PSD lembra que algumas companhias aéreas no estrangeiro já receberam apoios ou estão em negociações, e estranha que o processo esteja a demorar "tanto tempo". Porém, diz ser "básico" que o Estado empreste dinheiro sem ter uma contrapartida na garantia de serviço público.
Apesar de a TAP estar "entre a falência ou a nacionalização", Justino acredita que "é possível encontrar soluções intermédias" e que a TAP se mantenha como uma empresa importante para os portugueses.
TAP, nem pequenina nem sobredimensionada
Por outro lado, Carlos César afirma que o que está a acontecer com a TAP "não podia acontecer de forma muito diferente", mas considera que "não faz sentido" falar de rotas quando TAP está "numa situação limite". "Falar de rotas com contas rotas é por o carro à frente dos bois", atira.
O presidente do PS concorda com a necessidade de um "plano rápido e estratégico", sendo que o Orçamento Suplementar já prevê dinheiro para a TAP, mas alerta que "ninguém quer uma TAP pequenina, mas também não podemos ter uma TAP sobredimensionada".
"Não aceito a ideia de que temos de emprestar ou "emprestadar" mais mil milhões e dizer apenas "boa sorte". O Estado tem de estar por perto", alerta o socialista.
* Programa Almoços Grátis moderado por Judith Menezes e Sousa