A auditoria, feita por uma empresa independente, salienta aspetos que apontam para uma gestão no mínimo pouco cuidada e acentua as suspeitas de irregularidades da gestão de Manuel da Luz na autarquia de Portimão até 2013. Os dados já seguiram para a Procuradoria Geral da República.
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Num documento de várias centenas de páginas, os auditores afirmam que, entre 2009 e 2013, 96% das obras feitas pelo Município de Portimão dizem respeito a ajustes diretos. Mesmo as grandes obras eram feitas de forma fracionada para evitar o recurso ao procedimento de concurso público.
Uma das empresas externas criadas pela câmara Municipal, a Portimão Urbis, que geria desde os mercados e transportes até atividades culturais, foi um dos fatores que contribuiu significativamente para o endividamento do município, representando em 2012 - 35 % do total da dívida do município.
No caso da Expo-Arade, uma empresa participada em 49% pela Portimão Urbis, e que construiu o Pavilhão Arena, um pavilhão multiusos que custou 13 milhões de euros, «estamos perante uma parceria público-privada», dizem os auditores, em que o interesse público não foi devidamente acautelado.
A auditoria salienta ainda que foram realizados uma série de projetos desde festivais e apoios a coletividades e clubes «que num contexto de dificuldade financeira teriam uma prioridade relativa». Esses valores atingiram 6,3 milhões em 2009 e 3,4 milhões em 2010, tendo descido para 1 milhão em 2013.
Nos anos a que se refere a auditoria, os prejuízos acumulados somaram 118 milhões de euros e não houve um único ano em que o nível de execução da receita chegasse sequer aos 50%.
Do resultado desta auditoria mandada efetuar pela atual presidente da câmara e que diz respeito à gestão do antigo executivo municipal, também socialista, foi dado conhecimento à Procuradoria-Geral da República, ao Tribunal de Contas e à Secretaria de Estado da Administração Local.