Auditoria encontra ilegalidades e crime na Quercus. À beira de eleições, ex-presidente foi suspenso
Prejuízos acumulam-se numa das mais reconhecidas associações ambientalistas do país. Antigo presidente fala numa manobra para ganhar as eleições que se aproximam.
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Uma auditoria pedida pela atual direção da Quercus, uma das maiores associações ambientalistas do país, encontrou indícios graves de irregularidades, ilegalidades e práticas de crime público na gestão da anterior direção, entre 2015 e 2019.
As conclusões preliminares foram enviadas aos sócios a dias de novas eleições e objeto de uma queixa entretanto enviada ao Ministério Público, levando a atual direção, pela alegada gravidade dos factos, a suspender três associados.
Entre esses associados, apurou a TSF, está o antigo presidente, João Branco, e uma candidata a presidente que iria agora a votos, Aline Guerreiro.
A TSF contactou a atual presidente da Quercus, Paula Silva, que não quer fazer mais comentários além das conclusões já enviadas aos sócios, apesar de sublinhar que não está envolvida no ato eleitoral que, se nada mudar (nomeadamente com a proibição de circulação entre concelhos na sequência do agravar da pandemia), se deverá realizar a 31 de outubro.
O documento que resume as conclusões preliminares da auditoria fala igualmente em deficiências graves nas deliberações da anterior direção nacional, com "atas cujo conteúdo não corresponde à verdade", e uma situação financeira que se agravou bastante entre 2015 e 2019.
A auditoria encontrou um acumular de prejuízos de centenas de milhares de euros, que fonte ligada ao caso adianta que chegaram a cerca de 700 mil euros.
"Manobra para as eleições"
João Branco, o antigo presidente da Quercus visado nas conclusões da auditoria, recusa que no seu mandato o buraco financeiro da Quercus tenha aumentado e acusa a atual direção de ter usado uma "manobra", com esta auditoria, para o afastar de uma nova candidatura à presidência da associação ambientalista.
"Fui suspenso e não tive qualquer direito a defesa ou contraditório, pelo que é uma suspensão ilegal", garante o antigo dirigente da Quercus, que acusa a atual direção de na sequência disso ter suspendido outra sócia que iria liderar a lista que João Branco pretendia, inicialmente, encabeçar.
"Essa auditoria vale o que vale e pelo que sei não estará concluída e do que li não diz absolutamente nada", afirma.
"No meu caso, com a desculpa da auditoria forense, fui suspenso, e a seguir a isso foi apresentada uma outra lista com outra candidata a presidente, a Aline Guerreiro, que dias depois também acabou por ser suspensa de sócia", refere João Branco que promete que o caso vai acabar nos tribunais.