A conclusão faz parte de um estudo que analisou os dados da primavera de 2020 em 31 países e conclui que o aumento dos níveis de pólen no ar potencia o aparecimento de novas infeções de Covid-19.
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Os investigadores da Universidade Técnica de Munique e do Helmholtz Zentrum Munique, na Alemanha, recolheram dados sobre as concentrações de pólen no ar, condições climáticas e infeções por SARS-CoV-2 na primavera de 2020. Tiveram em consideração a variação nas taxas de infeção e o número total de testes positivos. Os resultados mostraram que o pólen transportado pelo ar pode explicar, em média, 44% da variação nas taxas de infeção.
Manuel Branco Ferreira, presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia clínica, defende que estes dados devem ser interpretados com cautela e explica que, perante altas concentrações de pólen, a resposta imunológica é sempre mais fraca.
"Por um lado, uma maior quantidade de pólen no ar pode ser um veículo que permite maior persistência do vírus, e, por outro lado, podemos perceber que, havendo um pouco mais de pólen, pode haver uma pequena agressão às mucosas respiratórias e, nesse aspeto, a mucosa agredida pode ser mais suscetível a ser infetada por este ou outro vírus", esclarece.
O presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia sublinha que este estudo mostra a importância e os benefícios do uso de máscara, assim como do confinamento. Manuel Branco Ferreira reafirma que quem sofre de doença alérgica não tem maior risco de contrair Covid-19. "Ao longo deste ano, os doentes alérgicos tiveram Covid como quaisquer outros e a alergia não parece ser um fator mais desencadeador da infeção."
Os investigadores da Universidade Técnica de Munique e do Helmholtz Zentrum Munique analisaram dados de pólen de 130 estações em 31 países. Os resultados mostraram que o pólen transportado pelo ar pode explicar, em média, 44% da variação nas taxas de infeção de Covid-19 e que a humidade e a temperatura do ar também influenciam em alguns casos. Durante os intervalos de não confinamento, as taxas de infeção foram, em média, 4% superiores, com o aumento de 100 grãos de pólen transportados pelo ar por metro cúbico.
Em algumas cidades alemãs, concentrações de até 500 grãos de pólen por metro cúbico por dia foram registadas durante o estudo, levando a uma subida geral nas taxas de infeção de mais de 20%. No entanto, em regiões onde as regras de contenção foram aplicadas, os números de infeção reduziram para metade com concentrações de pólen comparáveis.
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