"Aumentos foram transversais." SINAPOL acusa Governo de induzir em erro a opinião pública
Depois dos esclarecimentos do MAI sobre os investimentos nas forças de segurança, o Sindicato Nacional da Polícia alertou, em declarações à TSF, para a questão das atualizações nos vencimentos da PSP e GNR.
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O Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL) acusou esta segunda-feira o Governo de induzir em erro a opinião pública. Os policias não negam os factos descritos numa nota do Ministério da Administração Interna (MAI) que refere que as forças de segurança foram aumentadas em 32,6% desde 2015, mas sublinham que “todos os outros trabalhadores do Estado português foram sujeitos a aumentos semelhantes”.
“O que está aqui em causa e que o Governo português tem de entender é que está a querer dirigir aumentos exclusivamente às forças de segurança quando esses aumentos foram transversais a todos os trabalhadores do Estado português”, disse o presidente do SINAPOL, Armando Ferreira, em declarações à TSF.
Além dos aumentos da função pública, Armando Ferreira referiu os aumentos de 2018 “aquando do fim dos congelamentos das carreiras em todas as carreiras da admnistração”.
Na nota do MAI lê-se que, “em 2023, houve um aumento de dois níveis remuneratórios para o 1.º escalão dos profissionais da Guarda Nacional Republicana (GNR) e da Polícia de Segurança Pública (PSP) – em vez de apenas um, como para os restantes funcionários da Administração Pública”.
Armando Ferreira insistiu que o que está escrito “não deixa de ser verdade”, mas se não existem atualizações nos vencimentos, as forças de segurança estariam “a receber basicamente o mesmo que o salário mínimo nacional”.
A contestação dos elementos da PSP e dos militares da GNR teve início após o Governo ter aprovado em 29 de novembro o pagamento de um suplemento de missão para as carreiras da PJ, que não tem equivalente nas restantes forças de segurança e, em alguns casos, pode representar um aumento de quase 700 euros por mês.
Nestes protestos, as forças de segurança têm denuniado também avarias em muitas viaturas. Por outro lado, o MAI argumentou, na nota esta segunda-feira divulgada, que a PSP e a GNR já receberam cerca de duas mil viaturas desde 2017 e que está a decorrer um concurso para a aquisição de cerca de 800 para entrega entre este e o próximo ano.
Ainda que “descansados” pela comunicação do executivo, o SINAPOL alertou que “as viaturas policiais têm uma utilização acima daquilo que é uma viatura pessoal e, com tal, sofre um desgaste muito superior a uma viatura particular”.
Elementos das forças de segurança que estão em protesto colocaram esta segunda-feira oito caixões em frente à Assembleia da República, simbolizando os anos de Governo socialista e os agentes mortos em serviço.
Os caixões vão ser retirados esta terça-feira do exterior do Parlamento, mas Armando Ferreira admitiu que podem surgir novas acções de protesto nos próximos dias.