Austeridade? Do "é inevitável" ao "não há razão para acrescentar essas medidas"
David Justino e Carlos César têm opiniões opostas no que toca às medidas que vão ser adotadas para combater a crise económica que foi espoletada pela pandemia da Covid-19.
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David Justino acredita que, após a crise que estamos a viver e que os especialistas antecipam, a austeridade "é inevitável", a questão está no nome que escolhemos para falar sobre o que aí vem.
"Acho inevitável, podemos é dar nomes diferentes. No tempo da troika era austeridade, nos primeiros quatro anos do Governo socialista foi contas certas e agora vamos ter de inventar outro termo, será um problema de designação", afirma o vice-presidente do PSD, frisando que "praticamente desde 2011 vivemos em austeridade", com mais margem ou menos margem.
Tendo em conta a "recessão económica" que se avizinha, reitera, "é óbvio que vai ter de haver austeridade".
O que importa, na visão do social-democrata, "é saber como vamos compensar as perdas [das exportações, consumo interno e investimento] e como é que vamos aliviar e como vão ser repartidas pelas diferentes funções da população e da economia portuguesa".
David Justino disse ainda que o dinheiro que vai chegar da Europa é "manifestamente pouco", já que "o volume de ajuda no tempo da troika era de 78 mil milhões, e agora podemos contar com seis a sete mil milhões de euros". "É uma parte da crise vai ter de ser paga por nós próprios", reitera.
Carlos César prefere não falar de números antes de estes serem anunciados e afirma que "ideia é que não vale a pena colocar no centro das políticas de recuperação e retoma a questão da austeridade".
"Não sendo possível superar esta crise sem a observação inevitável de custos para as empresas, de perda de rendimentos e de empregos, não há razão para acrescentar já a essa situação medidas que acentuam perdas de rendimentos", explica o presidente do PS.
O socialista lembra uma frase do primeiro-ministro onde dizia "quando abrirem as lojas é preciso que haja consumidores com meios para comprar produtos". Assim, realça, "não há recuperação se não houver reativação de atividades económicas e manutenção de capacidade mínima de consumo e rendimentos".
Nas últimas semanas, o Governo tem afastado a ideia de austeridade para combater a crise económica, recordando por diversas vezes que foi contra estas políticas nos tempos em que Passos Coelho governava o país e que a postura não se alterou.
* Almoços Grátis moderado por Anselmo Crespo