Autarca de Castelo Branco espera que Conselho de Ministros "reflita" sobre "verdadeiro plano de reordenamento da floresta"
Em declarações à TSF, Leopoldo Rodrigues apela para que o interior se mantenha na agenda política, mesmo quando este não é o foco da atenção mediática: "Não podemos continuar a ter, de quatro em quatro anos, tragédias com esta dimensão. Temos de olhar para esta mancha florestal e para o país de uma outra forma"
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O presidente da câmara de Castelo Branco espera que o Conselho de Ministros extraordinário marcado para quinta-feira "reflita" sobre um plano de reordenamento da floresta e de apoio às autarquias para que esse trabalho "possa ser feito de forma continuada e objetiva". Leopoldo Rodrigues aponta que, sem os "holofotes" da comunicação social, o país tende a "esquecer" as ideias e propostas neste sentido.
Fala-se, de cada vez que temos uma tragédia desta dimensão, no reordenamento da floresta, em investir na floresta, na limpeza da floresta. Mas depois, passados os holofotes da comunicação que está presente nestes dias, acabamos por esquecer aquilo que são as nossas ideias e propostas.
O alerta é feito pelo autarca, em declarações à TSF. Leopoldo Rodrigues salienta, assim, a importância de o Governo, que se reúne na quinta-feira em Viseu, para aprovar medidas de apoios às populações afetadas pelos incêndios, manter o interior na agenda política, mesmo quando este não é o foco da atenção mediática. Espera, por isso, que este encontro possa servir não só para "olhar para o presente, e para aquilo que ele representa devido aos incêndios", como também para o "futuro".
"Não podemos continuar a ter, de quatro em quatro anos, tragédias com esta dimensão. Temos de olhar para esta mancha florestal e para o país de uma outra forma", urge.
O autarca sustenta que um investimento no interior do país é sinónimo de "riqueza" e uma condição fundamental para "uma coesão que se impõe a nível nacional".
É por isso que eu acho que o Conselho de Ministros também deve refletir sobre isto e lançar um verdadeiro plano de reordenamento da floresta e de apoio aos produtores, mas também às autarquias, para que esse trabalho possa vir a ser feito de forma continuada e objetiva. É daí que tiramos muita riqueza.
A Câmara Municipal já está a preparar apoios à agricultura e Leopoldo Rodrigues confessa que gostaria de ouvir do Executivo liderado por Luís Montenegro, desde logo, uma "palavra para os agentes de proteção civil, autarcas e populares que durante este tempo estiveram envolvidos de uma forma muito pronta e próxima na tentativa de controlar um fogo que já começou há muito tempo e que causou fortes prejuízos" no concelho.
Na última madrugada, ardeu uma casa de primeira habitação na aldeia de Casal da Serra. "Por volta da meia-noite, tivemos a indicação de que estaria a arder uma casa na localidade do Casal da Serra e deslocarmo-nos para lá. Efetivamente, as chamas já tinham passado pelo Casal da Serra há algumas horas. Elas atravessaram muito rapidamente a localidade e terá sido alguma fagulha que ali ficou que depois mais tarde acaba por incendiar a casa", conta.
Explica que os bombeiros já não conseguiram chegar "a tempo" de preservar a casa e que a proprietária estava fora de casa, porque tinha "ficado a dormir na casa de um familiar".
O autarca garante, contudo, que a Câmara Municipal de Castelo Branco vai estar "atenta a esta situação", reconhecendo que se trata de um tema "sensíveis e emotivo": "A perda de uma casa e aquilo que ela representa enquanto memória, mas também enquanto espaço de estar e espaço familiar, é sempre uma situação crítica."
A autarquia assegura, por isso, estar "disponível" para encontrar uma solução com a família afetada.
O incêndio que começou no Piódão, Arganil, no dia 13 e que continua ativo, será “muito provavelmente” o maior de sempre em Portugal, afirmou o especialista Paulo Fernandes, estimando uma área ardida de cerca de 60 mil hectares.
O incêndio que começou no distrito de Coimbra e que se estendeu aos distritos de Castelo Branco e Guarda já terá consumido cerca de 60 mil hectares, afirmou à agência Lusa o especialista em incêndios e membro das comissões técnicas de análise aos grandes incêndios de 2017.
