Autarca de Matosinhos pede esclarecimentos sobre surto de legionella à ARS Norte
Luísa Salgueiro quer que as populações sejam informadas sobre os cuidados a ter para não contrair a doença do legionário.
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A presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Luísa Salgueiro, pediu esta quinta-feira esclarecimentos à Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte às duas empresas que encerraram torres de refrigeração no âmbito do surto de legionella que está a afetar três concelhos do Grande Porto.
Num comunicado divulgado pela autarquia, Luísa Salgueiro solicita também à ARS Norte que "informe as
populações sobre os cuidados a ter" com a bactéria e que indique "as medidas preventivas que foram tomadas e de que forma estas mitigam o risco de infeção e do aparecimento de novos casos".
Às empresas, a autarca pergunta pelos "últimos relatórios de manutenção dos equipamentos", bem como "informação sobre a utilização intensiva dos equipamentos e o seu horário recente". Luísa Salgueiro pediu também a estas empresas - Longa Vida e Ramirez - que indiquem "que medidas foram tomadas para garantir que estão repostas as condições que eliminam as causas de risco para a saúde pública".
A presidente da câmara de Matosinhos justifica estas ações com a necessidade de "sossegar as populações que habitam nas freguesias onde se encontram instaladas as torres e na sua proximidade", considerando " muito penalizador, principalmente num momento de pandemia como aquele em que vivemos, as pessoas
estarem perante esta incerteza".
Ramirez anuncia teste negativo a torre de refrigeração
A Ramirez, uma das duas empresas apontadas como eventuais responsáveis pelo surto, anunciou esta quinta-feira em Matosinhos que o teste realizado à torre de arrefecimento da empresa deu negativo.
Em conferência de imprensa, a diretora de controlo de qualidade da Ramirez, Fátima Barata, anunciou o resultado da análise na sequência da visita do delegado de saúde.
"Esta tarde a [Administração Regional de Saúde] ARS Norte contactou-nos para comunicar e confirmar o que já sabíamos: as análises realizadas à nossa torre de arrefecimento deram resultado negativo", comunicou a responsável.
Enfatizando que a empresa "cumpre escrupulosamente" as suas obrigações, com duplo controlo, a responsável deu também conta de "duas análises, em dois laboratórios, acreditados e independentes, a MicroChen e a Biogerm (...) ambos com resultados negativos, atestando a ausência de legionela pneumophila na instalação" da Ramirez, feitas "após a visita do delegado de saúde de Matosinhos" e "sem prévia intervenção na torre de arrefecimento".
Neste contexto, continuou Fátima Barata, os resultados obtidos "ilibam a Ramirez de qualquer relação ao surto de legionela" que afeta os concelhos de Matosinhos, Vila do Conde e Póvoa de Varzim.
"Nunca foi detetada legionela em nenhuma das nossas torres", insistiu a diretora da Ramirez, especificando que, em termos técnicos, a pesquisa da bactéria "obriga a um crescimento de 10 dias para se ter a certeza da sua existência".
E prosseguiu: "Existe outro teste, que pode ser indicativo, de conteúdo genético, para verificar se existem partículas mortas ou vivas. De facto, no dia 09 [de novembro], quando cá esteve o delegado de saúde, fez-se um teste e esse indicador deu positivo, daí ter sido suspensa a torre."
A conserveira Ramirez, assegurou Fátima Barata, faz "controlo duplo, porque tem um plano de controlo da 'legionella' e de outro tipo de água que acontece de dois em dois meses, e a última análise foi em agosto".
"Uma empresa, mais técnica, que colabora connosco faz análises de três em três meses, e a última foi a 06 de outubro. E estava tudo bem", acrescentou a responsável.
O número de pessoas internadas devido ao surto de 'legionella' na região do Grande Porto diminuiu para 17, com a recuperação de três doentes que hoje tiveram alta, confirmou fonte da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte).
Desses três doentes recuperados, dois verificaram-se no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, onde continuam internadas 10 pessoas, tendo a outra alta sido registada no Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde, que ainda presta assistência quatro pacientes.
No Hospital S. João, no Porto, mantêm-se três pessoas internadas.