Autarca de Odemira fala de "tragédia" e desafia Governo a ajudar economias afetadas

O sistema europeu Copernicus captou uma imagem aérea do incêndio em Odemira que contém também a informação de infravermelhos que permite identificar as fontes de calor
contains modified Copernicus Sentinel data (2023), processed by ESA, CC BY-SA 3.0 IGO
Hélder Guerreiro alerta para as perdas no turismo e na agricultura e quer saber junto do executivo "o que pode ser feito por estas pessoas".
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O presidente da câmara de Odemira, Hélder Guerreiro, descreve os efeitos do incêndio que lavra no concelho desde sábado como uma "tragédia" com especial peso para a economia local e defende a necessidade procurar junto do Governo formas de "recapacitação" da mesma.
"É uma tragédia, diria eu, porque, na verdade, estamos a falar de mais de sete mil hectares no concelho de Odemira que sofreram com este incêndio", explicou à TSF no local, referindo o "muito património e muita economia ardida, literalmente".
Com esperança de que esteja "para breve o término" do combate ao incêndio, Hélder Guerreiro quer trabalhar com o Governo para, "de alguma forma, encontrar processos de recapacitação destas empresas e destes empresários" de forma a "reativar os seus negócios", em especial "os turismos, mas também a agricultura" e a exploração florestal.
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"Não agora, agora ainda nos temos de preocupar com terminar este processo, esperemos que nos próximos dias seja possível, e depois então começarmos de facto a pensar num processo de reavaliação e avaliação daquilo que pode ser feito por estas pessoas", assinala o autarca.
O fogo no concelho obrigou a deslocar 1400 pessoas, em especial esta segunda-feira - o "pior dia" do incêndio até ao momento -, com "muitas populações e muitas localidades de facto em risco".
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Com "cem a 150 pessoas" ainda fora das suas casas e temporariamente no centro de acolhimento montado em São Teotónio, Hélder Guerreiro elogiou o "comportamento absolutamente extraordinário da população" e a entreajuda entre e para com os deslocados.
"Esse comportamento de todas estas pessoas, do ponto de vista da solidariedade e de confiança de que, estando a sair de suas casas, elas continuariam a ser salvaguardadas, é algo que temos, de facto, de realçar", explicou.
O presidente da câmara confessou-se até "muito emocionado" com a onda de solidariedade que se manifestou tanto para com os bombeiros como para com a população afetada.
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"Foi muito sensibilizador, até mesmo outras comunidades que aqui vivem, nomeadamente a comunidade nepalesa e indiana, que também se disponibilizaram integralmente para poder fazer comida para estas pessoas. Foi, eu diria, um ato, um exemplo, muito bonito", elogiou.
O incêndio rural numa área de mato e pinhal que deflagrou no sábado já entrou por algumas vezes no Algarve, tendo na tarde de segunda-feira rodeado o centro de Odeceixe.
Pelas 18h18 estavam, segundo o site da Proteção Civil, 1015 operacionais apoiados por 344 veículos e dez aeronaves no combate ao fogo.