Seixal aponta o dedo à VINCI, Montijo está satisfeito com o aval da APA e a Moita pede que se volte atrás no processo.
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O aeroporto do Montijo continua a dividir opiniões. Depois de esta quinta-feira a Quercus e a Associação Zero terem divergido quanto ao estudo de impacto ambiental divulgado pela Associação Portuguesa do Ambiente, também os autarcas do Montijo, Seixal e Moita têm visões que os dividem.
O autarca do Seixal, o comunista Joaquim Santos, defende que toda a região vai sair prejudicada da construção do novo aeroporto e aponta mesmo aquele que diz ser o único beneficiário: a Vinci Aeroportos.
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A ANA e a Vinci "estiveram toda a noite, de certeza, a brindar a esta decisão da APA". O parecer da APA à construção deste aeroporto é favorável, ainda que imponha mais de 200 condições. No entender de Joaquim Santos, o aeroporto "não vem beneficiar a população, a região ou o país", mas sim "uma empresa, que é a VINCI Airports".
"Estamos a falar, de uma forma muito ligeira, de responder a uma necessidade do país. Infelizmente, assistimos a um ato já esperado de caucionamento da APA que está completamente ao serviço do Governo e da estratégia que a VINCI montou para não fazer o que devia ser feito: o novo aeroporto de Lisboa no campo de tiro de Alcochete", atira.
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Se de um lado há críticas, do outro vêm sinais de satisfação. O socialista Nuno Canta, presidente da câmara do Montijo, está satisfeito com o aval condicionado da APA.
"É uma boa decisão e é uma decisão no sentido da salvaguarda dos valores ambientais que temos de salvaguardar nestas grandes infraestruturas", saúda. O autarca vê com "grande otimismo" todas as medidas de mitigação e compensação sugeridas pela APA nas questões da avifauna e do ruído, sublinhando que a principal preocupação deve agora ser a de "implementá-las".
Também o presidente da câmara da Moita, o comunista Rui Garcia - que é também presidente da Associação dos Municípios da Região de Setúbal -, acredita que ainda é possível voltar atrás no processo do aeroporto, pedindo mesmo à população que se manifeste.
"Ainda há muito caminho para fazer, não só pela apreensão da ANA, mas também porque ainda há muitas ações possíveis para tentar reverter este mau caminho", acredita. Rui Garcia lembra que podem ser feitos "protestos na rua, abaixo-assinados, ação nas redes sociais", todas formas de protesto "válidas e que devem estar em cima da mesa".