Autarcas social-democratas demarcam-se de proposta de Rui Rio para câmaras endividadas
O presidente da Associação dos Autarcas Social-democratas, Pedro Pinto, demarcou-se este domingo da tese defendida por Rui Rio, de que as câmaras excessivamente endividadas não devem ter eleições.
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Salvaguardando que o PSD «é um partido onde coexistem várias opiniões», Pedro Pinto disse que (a realização de eleições) «é uma questão de princípio democrático» e justificou que muitas das autarquias estão endividadas porque realizaram investimentos que vão beneficiar as gerações futuras.
Intervindo na 2.ª universidade do poder local do PSD, que decorre na Curia, distrito de Aveiro, Rui Rio defendeu ontem que as câmaras excessivamente endividadas não deviam ter eleições, mas sim ser geridas por comissões administrativas até estar normalizada a situação.
«Não concordo com essa afirmação porque, a concordar, Portugal também não deveria ter ido a eleições legislativas debaixo de um plano de ajuda financeira» disse hoje Pedro Pinto, orador na mesma iniciativa.
O presidente da Associação dos Autarcas Social-democratas salienta ainda que os municípios não se podem ajustar e criar receita de um momento para o outro, como o poder central, que aumenta o IVA de 19 para 23 por cento.
Por outro lado, Pedro Pinto ressalva que o endividamento municipal em poucos casos se deve a «folclore ou obras faraónicas», mas sim a investimento em infraestruturas para dar iguais oportunidades aos seus munícipes, das que dispunham já os residentes em Lisboa e no Porto.
«Há outros municípios que podem estar de perna cruzada porque a receita cai-lhes todos os dias. São centralidades e têm outras oportunidades que não têm os restantes municípios do país», comentou.
Quanto à sugestão de Rui Rio de que o partido não deve recandidatar presidentes de câmaras que estejam excessivamente endividadas, Pedro Pinto reage dizendo que «o PSD não deve tirar o tapete a ninguém e deve analisar as candidaturas a cada câmara, em função da pessoa que melhores condições reúna».