Autarcas transmontanos querem controlo efetivo a quem entra pela fronteira de Quintanilha
A chegada de emigrantes e a não obrigação de fazerem quarentena está a ser uma das maiores dores de cabeça dos autarcas transmontanos. Continuam à espera que se faça um controlo efetivo, e fecharam com blocos de cimento, fossos e pedras as entradas da raia seca.
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Só no concelho de Miranda do Douro são 19 as entradas da raia seca."Foram todas fechadas", diz Artur Nunes, o presidente da Câmara. "Numa primeira fase fechámos aquelas estradas que estavam alcatroadas e onde se fazia a passagem contínua e, nas passagens descontínuas, notámos que passava muitíssima gente. Fizemos valas, pusemos barreiras e sinalizámos tudo."
Blocos de cimento, pedras e fossos foram a receita para bloquear as entradas no concelho de Vinhais, salienta o presidente do município Luís Fernandes. "Foram todas tapadas com blocos de cimento, e, com as máquinas, abrimos valados, valas enormes de forma a não passarem os carros." E o mesmo aconteceu em todos os outros municípios de fronteira no distrito de Bragança que tem diversas passagens, a maior parte em caminhos de terra batida, na que é chamada de raia seca.
Mas agora o problema é outro. A chegada da Páscoa vai trazer gente do litoral e principalmente do estrangeiro para a região. O presidente de Vinhais diz estar a trabalhar na fonte. "Através do gabinete do emigrante, estamos a contactar todos aqueles que conhecemos, no sentido de os alertar e até pedir-lhes que não venham, e, se vierem, para terem esses cuidados."
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Os cuidados de ficaram em casa duas semanas, porque é isso que está a deixar os autarcas de cabelo em pé. Na fronteira de Quintanilha, único sítio de entrada, querem toda a gente rastreada como nas outras fronteiras. "No âmbito da proteção civil fizemos esse apelo às autoridades, quer à própria DGS quer à administração interna, para que se faça (em Quintanilha) o controlo sanitário."
Assim diz Artur Nunes de Miranda do Douro e assim reafirma Fernando Barros, autarca de Vila Flor. É urgente e obrigatório controlar quem entra na região, sob pena de estragar o que está a ser feito. "Em todos os concelhos temos carros a dizerem às pessoas para ficarem em casa. Não podemos aceitar que depois haja uma invasão de pessoas pouco controlada. O apelo que eu faço a todas as entidades e ao Governo é que se esforcem mais e que mobilizem mais meios [em Quintanilha] para que o controlo seja feito."
Que cumpram quarentena e que se façam testes, acrescenta Jorge Fidalgo, presidente da autarquia de Vimioso. "Quarentena obrigatória para quem entra do estrangeiro e, obviamente, até fazer alguma despistagem com a medição da temperatura, como está a ser feito nos aeroportos." Um apelo urgente numa altura crítica e num momento em que todos os dias aparecem mais casos no distrito.
