Autarquia de Palmela apela à resolução da falta de médicos nas urgências obstétricas: "A maior responsabilidade é do Governo"
Em declarações à TSF, o vice-presidente de Palmela argumenta que "não compete" às câmaras municipais intervir na ação dos conselhos de administração relativamente a esta matéria, ainda que estejam "disponíveis para ouvir e tentar influenciar" decisões para que os hospitais possam "funcionar"
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O vice-presidente da Câmara Municipal de Palmela, Luís Miguel Calha, apela à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, para resolver o problema da falta de médicos nas urgências obstétricas na região, lembrando que "a maior responsabilidade é do Governo".
Na tarde desta quarta-feira, a Câmara Municipal de Palmela vai estar reunido com a administração do Hospital de Setúbal, um encontro que vai contar também com a presença dos autarcas de Setúbal e Sesimbra. O objetivo é discutir os constantes encerramentos dos serviços de urgência.
Em declarações à TSF, o vice-presidente de Palmela afirma que os autarcas estão abertos ao diálogo, mas sublinha que a mudança só depende do Governo.
Eu faço daqui um apelo à senhora ministra da Saúde: a maior responsabilidade não é dos autarcas, é do Governo.
Argumenta que "não compete" às câmaras municipais intervir na ação dos conselhos de administração relativamente a esta matéria, ainda que estejam "disponíveis para ouvir e tentar influenciar" decisões para que os hospitais possam "funcionar".
"As pessoas têm de se deslocar para outros hospitais, para longe, porque no local da residência não têm as respostas que deviam ter. Isso preocupa-nos muito", reconhece.
Luís Miguel Calha insiste que o acesso aos cuidados de saúde "devem ser assegurados nas melhores condições" e, por isso, lamenta que atualmente "milhares de pessoas" tenham de se deslocar para o conseguir. Nota, contudo, que o encerramento das urgências não é um problema de agora, nem só desta região.
A reunião com os autarcas de Setúbal, Sesimbra e Palmela acontece esta quinta-feira, pelas 15h00, no Hospital de São Bernardo, em Setúbal.
Os três autarcas têm estado envolvidos em diversas iniciativas em defesa do Serviço Nacional de Saúde, particularmente no que respeita ao bom funcionamento dos serviços de urgência de pediatria e, principalmente, de obstetrícia, do Hospital de São Bernardo.
A falta de médicos obstetras em número suficiente para garantirem o serviço de urgência de obstetrícia no Hospital de São Bernardo é um dos principais problemas com que se depara aquela unidade, situação agravada pela falta de médicos da mesma especialidade nos hospitais do Barreiro e de Almada (García de Orta).
A par da situação para as grávidas, devido à falta de médicos obstetras no Hospital de São Bernardo, também os utentes dos centros de Saúde da ULSA se deparam com a escassez de médicos de família, como acontece no posto de saúde da Praça da República, em Setúbal.
Há cerca de dois anos, aquele posto de saúde tinha normalmente oito médicos, mas, nos últimos meses, tem tido apenas um ou dois médicos ao serviço, o que significa que houve um aumento significativo do número de utentes a ficarem sem médicos de família.
