Autocarros turísticos pedem ajuda às seguradoras para enfrentar crise no setor
Com a frota de autocarros turísticos quase parada, as empresas pedem às seguradoras que façam parte da solução.
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O presidente da associação que representa as empresas de autocarros de turismo pede ajudas para um setor que sofre os efeitos da pandemia há vários meses.
José Luís Carreira diz que é preciso garantir a sustentabilidade de um setor que está parado desde março e por isso, adianta, " é inevitável que as empresas tenham ajudas para suportar os custos fixos, caso contrário vão começar a fechar, até porque não têm perspetivas de trabalho para os próximos meses".
O presidente da ARP - Associação Rodoviária de Transportadores Pesados de Passageiros, sugere que os apoios aos custos fixos das empresas - água, eletricidade, comunicações e rendas - sejam, indexados ao número de trabalhadores.
José Luís Carreira identifica um outro problema que considera grave e que representa um custo demasiado grande para as empresas que têm autocarros turísticos: os seguros.
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Apesar da orientação que foi dada pelo Governo às seguradoras para que repercutissem nos clientes a diminuição do risco, isso não está a acontecer no caso dos autocarros de turismo, garante.
José Luís Carreira afirma que as empresas continuam a pagar os seguros de danos próprios e a cobertura de choque, colisão e capotamento como se tivessem trabalho. São seguros que diz ser "elevadíssimos", principalmente, numa altura em que os autocarros estão parados em parques ou em garagens.
O presidente da Associação Rodoviária de Transportadores Pesados de Passageiros explica que um autocarro de turismo pode custar 250 mil a 300 mil euros e um seguro de danos próprios pode representar um custo anual de mais de 6 mil euros, cerca de 500 euros mensais. Se uma empresa tiver uma frota de autocarros pode ter mensalmente, um encargo com seguros de dois mil ou três mil euros. São contas que levam José Luís Carreira a pedir às seguradoras que façam parte da solução e a afirmar que "se não há entrada de receita, será difícil às empresas não entrarem em incumprimento". Nesta altura, 80% dos motoristas, que habitualmente conduzem estes autocarros de turismo estão em lay-off.
José Luís Carreira explica que não são 100% porque há um pequeno nicho de empresas que faz também o transporte de crianças e de trabalhadores. E, se no início da pandemia as empresas optaram por segurar os trabalhadores, agora, gradualmente, começam a despedir e a não renovar contratos.
O presidente da ARP explica que no início as empresas estavam na expectativa de, rapidamente, haver um regresso à atividade, mas agora a opção está a ser diferente. As empresas não vão aplicar as medidas de apoio à manutenção dos postos de trabalho, para poderem despedir.
A moratória, sublinha, "felizmente está a ajudar" e os apoios à retoma também, o problema explica "é que não se vislumbra trabalho para os próximos meses" e por isso sem um apoio às tesourarias das empresas para fazer face aos custos fixos e sem uma redução dos prémios do seguro, para muitas empresas não vai haver outra solução, senão fechar ou declarar insolvência.
Pessimista quanto ao futuro do setor, José Luís Carreira explica que mesmo que em breve surja uma vacina, não vai haver trabalho antes de junho, o que significa que resta ao turismo três ou quatro meses de atividade. Pouco tempo que não será suficiente para salvar o ano conclui o presidente da Associação Rodoviária de Transportadores Pesados de Passageiros.
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