A Autoeuropa foi forçada a anunciar uma paragem de produção de nove semanas devido às dificuldades de um fornecedor da Eslovénia.
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A Autoeuropa vai retomar a produção no início de outubro depois de ter garantido o fornecimento de uma peça fundamental para o T-Roc junto de uma empresa espanhola e outra chinesa, anunciou esta sexta-feira fábrica da Volkswagen em Palmela.
Em nota interna dirigida aos trabalhadores, a que a agência Lusa teve acesso, a administração da Autoeuropa informa que, na sequência do trabalho desenvolvido pelos departamentos de logística e de compras, foi possível encontrar outros fornecedores da peça em falta, que obrigou a empresa a anunciar uma paragem de produção de 11 de setembro a 12 de novembro.
"A direção da fábrica informa que desde a interrupção do fornecimento de uma peça fundamental na construção dos motores que equipam o T-Roc - entre outros modelos do Grupo Volkswagen - os departamentos de logística e de compras do grupo têm vindo a trabalhar de forma intensa no sentido de mitigar este impacto", refere a comunicação interna da Autoeuropa.
"Graças a este esforço conjunto, a Volkswagen Autoeuropa retomará a produção no início do mês de outubro. Subfornecedores existentes no portfolio do Grupo Volkswagen, entre os quais uma empresa chinesa e outra espanhola, serão responsáveis por assegurar o fornecimento parcial das peças", acrescenta o documento.
A fábrica de automóveis da Volkswagen em Palmela, no distrito de Setúbal, refere ainda que, "tendo em conta esta nova realidade, estão a ser executados todos os preparativos necessários para o arranque de produção na fábrica de Palmela. Inicialmente, o número de turnos será menor que o esquema de trabalho habitual".
"Os trabalhadores da Volkswagen Autoeuropa que se encontram em `lay-off´ serão informados o mais brevemente possível sobre a data exata do seu regresso à atividade e da correspondente alteração ao regime de `lay-off´", acrescenta a administração da Autoeuropa.
"Empresas precipitaram-se"
Em declarações à TSF, o líder da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, Rogério Nogueira, defendeu que os despedimentos de trabalhadores foram precipitados e assinalou que não foi por falta de aviso que as dispensas aconteceram.
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"É um facto que, muito provavelmente, a grande maioria desses trabalhadores irá regressar. No caso concreto da Autoeuropa, existe um compromisso, por parte da empresa, para os fazer regressar, mas penso que essas empresas precipitaram-se no que diz respeito a despedimentos. Ao fim e ao cabo são trabalhadores válidos e que faziam parte das equipas, faziam parte da produção e deviam ter sido melhor protegidos e alvo de uma preocupação social que não foram. Infelizmente, não foram", lamentou.
Rogério Nogueira revelou também que não ficou surpreendido com este encurtamento do tempo de paragem e que acreditou sempre "que o tempo que era o pior cenário previsto não iria ser o mesmo que foi anunciado". A razão, explicou, foi também a "confiança" nos colegas "que estavam no terreno a tentar resolver a situação, quer os da Autoeuropa, quer os colegas que estiveram envolvidos neste processo também a nível da nossa casa mãe".
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A Autoeuropa foi forçada a anunciar uma paragem de produção de nove semanas devido às dificuldades de um fornecedor da Eslovénia, que foi fortemente afetado pelas cheias que ocorreram naquele país no início passado mês de agosto, mas a empresa disse desde o início que estava à procura de soluções alternativas para retomar a produção com a maior brevidade possível.
A Autoeuropa é uma empresa com grande impacto na economia portuguesa e que representa 1,5% do Produto Interno Bruto Nacional (PIB). A paragem de produção da fábrica de Palmela estava a afetar também dezenas de fornecedores portugueses, incluindo as empresas instaladas no Parque Industrial da Autoeuropa, que, entretanto, já anunciaram o despedimento de, pelo menos, 325 trabalhadores com vínculo precário.
Devido à paragem de produção a Autoeuropa também tinha anunciado a dispensa de cerca de 100 trabalhadores temporários, mas estes tinham a garantia de regressarem ao trabalho logo que fosse retomada a produção.