Autoridade europeia pede reforço da segurança contra gripe das aves. Portugal tem demonstrado "responsabilidade"

Igor Martins/Global Imagens (arquivo)
À TSF, a diretora da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, Susana Pombo, sublinha que os detentores têm demonstrado "muita responsabilidade", mas admite que é "sempre mais difícil" fazer chegar esta informação às "explorações mais pequenas"
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A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) pediu esta segunda-feira aos países da União Europeia (UE) que reforcem as medidas de segurança contra a gripe das aves, após alertas de novos surtos. A Direção-Geral de Alimentação e Veterinária garante que, em Portugal, têm sido seguidos todos os protocolos.
Entre 6 de setembro e 14 de novembro, foram detetados, em 26 países da UE, 1443 surtos de gripe aviária em aves selvagens, o número mais elevado, pelo menos, desde 2016, segundo dados da EFSA.
Assim, esta autoridade apelou aos países para que reforcem a vigilância e adotem medidas de biossegurança, segundo as recomendações publicadas.
A EFSA destacou ainda as elevadas taxas de mortalidade de grous em países como Alemanha, França e Espanha.
Entre as recomendações publicadas está ainda o confinamento das aves nas áreas afetadas pela gripe aviária, a especial monitorização dos pontos de paragem ao longo das rotas migratórias das aves selvagens e que seja evitada a alimentação artificial de aves selvagens.
As carcaças de aves selvagens devem ser imediatamente retiradas para evitar o risco de contágio com outras espécies.
Por sua vez, a caça deve ser reduzida, bem como o uso de drones ou de outras atividades que possam perturbar as aves.
Portugal é um dos países onde têm sido detetados vários focos, mas a diretora da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, Susana Pombo, assegura na TSF que têm sido seguidos todos os protocolos de segurança.
"Temos vindo a solicitar que as regras de biossegurança sejam aumentadas em todas as explorações. Em Portugal foi inclusivamente já determinado o confinamento de todas as aves domésticas, exatamente em linha com o que se está a passar na maioria dos Estados-membros", aponta.
Susana Pombo reconhece que o risco de disseminação da gripe é "elevado", tendo em conta a possibilidade de transmissão do vírus das aves selvagens às aves domésticas.
"É necessário que todos os detentores de aves tenham essa consciência e implementem todas as medidas de higiene e segurança dentro das suas explorações ou capoeiras, de modo a evitar esse contágio entre as aves selvagens e as aves domésticas", apela.
Ainda assim, a diretor-geral sublinha que os detentores têm demonstrado "muita responsabilidade", até porque as feiras e os eventos têm vindo a ser todos cancelados. "Vemos que as pessoas estão conscientes deste risco", garante.
Ainda assim, e apesar da cooperação com as autoridades policiais, admite que é "sempre mais difícil" fazer chegar esta informação às "explorações mais pequenas".
"Pode haver detentores que nunca tenham ouvido falar, mas também as juntas de freguesia e as câmaras municipais têm estado muito colaborantes numa perspetiva de passar a mensagem. Mas a fiscalização compete às autoridades policiais e têm estado connosco no terreno numa perspetiva de informação e depois, claro, de fiscalização", revela.
Em Portugal, um novo foco de gripe das aves foi detetado no Ramalhal, em Torres Vedras, numa capoeira doméstica com gansos, patos, galinhas pintadas e codornizes, anunciou a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).
O número total de focos detetados, este ano, subiu agora para 39.
Segundo a informação publicada pela DGAV, este foco foi confirmado na passada sexta-feira, no mesmo dia em que tinha sido reportado um foco numa exploração comercial de perus de engorda, também em Torres Vedras.
Também no mesmo dia foram confirmados três focos no distrito de Aveiro, em aves selvagens.
Paralelamente, foi detetado um foco, igualmente na sexta-feira, numa capoeira doméstica de galinhas e patos, em Santarém.
A DGAV tem vindo a alertar que o risco de disseminação da gripe das aves é, neste momento, elevado, e pediu a adoção de medidas de segurança.
As aves domésticas em estabelecimentos localizados nas zonas de alto risco, incluindo capoeiras domésticas e aves em cativeiro, têm de estar, obrigatoriamente, em cativeiro, de acordo com as regras determinadas pela DGAV.
Já nas zonas de proteção e vigilância é proibida a circulação de aves, o repovoamento de aves de espécies cinegéticas, feiras, mercados e exposições, a circulação de carne fresca e de ovos para incubação e para consumo humano, bem como a circulação de subprodutos animais.
A DGAV precisou que todas as infrações a estas normas serão punidas.
A transmissão do vírus para humanos acontece raramente, tendo sido reportados casos esporádicos em todo o mundo. Contudo, quando ocorre, a infeção pode levar a um quadro clínico grave.
