Apesar de ser bom para quem quer tomar banho de água quente, é mau para o ecossistema
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Uma boia colocada no oceano ao largo de Faro registou temperaturas da superfície do mar “significativamente superiores” à média dos últimos 20 anos, o que indica uma “onda de calor marinha”, informou esta terça-feira a Autoridade Marítima Nacional (AMN).
“Estes valores indicam a ocorrência de um fenómeno extremo denominado ‘onda de calor marinha’”, lê-se num comunicado da AMN.
Segundo esta instituição, entre 28 de junho e 9 de julho de 2025, a boia de Faro Costeira, que faz parte da rede nacional de monitorização oceânica do Instituto Hidrográfico (MONIZEE), registou temperaturas da superfície do mar "significativamente superiores à média dos últimos 20 anos".
Nesta “onda de calor marinha” chegou a ser registada a temperatura de 25,1º C.
O que é uma onda de calor marinha?
O chefe da divisão de oceanografia do Instituto Hidrográfico, Teotónio Barroqueiro, explicou na TSF que uma "onda de calor marinha é quando a temperatura da água do mar está acima de um valor de referência pelo menos durante cinco dias".
"Portanto, desde o dia 28 de junho até ao dia 9 de julho, a temperatura da água do mar, medida pela boia costeira, esteve sempre acima daquilo que é a referência, que neste caso é o percentil 90 desta série histórica", disse.
Para quem gosta de água mais quente, isto é "uma oportunidade". No entanto, para o ecossistema não é assim tão bom, acrescentou.
"Porque é que estas ondas se estão a verificar? Há uma dificuldade da parte do oceano em transferir calor e, portanto, está a manter a temperatura mais alta durante mais tempo. A consequência direta é a alteração do equilíbrio dos ecossistemas, que dependem da temperatura da água do mar", concluiu.
A temperatura média foi determinada a partir de registos recolhidos em Faro ao longo dos últimos 20 anos (2004–2024), servindo de referência para identificar eventos de onda de calor marinha.