Centro Europeu avalia vantagens e desvantagens dos testes que em breve se poderão comprar em Portugal.
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Os autotestes à Covid-19 não são capazes de detetar as novas variantes do vírus, podem aumentar a subnotificação de casos e podem colocar em causa a eficácia dos indicadores hoje usados para avaliar a evolução da pandemia.
Num relatório técnico cauteloso sobre o tema, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) apresentou esta quarta-feira as vantagens e desvantagens dos testes que em breve qualquer português poderá comprar numa farmácia ou numa parafarmácia, depois do anúncio feito há dias pelo Governo.
Pela positiva, os autotestes favorecem a deteção precoce, aumentam o acesso aos diagnósticos e aceleram todo o processo com resultados em menos de uma hora, num método muito mais barato que um teste tradicional e sem a intervenção de tantos recursos humanos.
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No entanto, pela negativa, sem a intervenção de um profissional de saúde pelo meio podem existir casos positivos que acabam por não ser notificados às autoridades, prejudicando o rastreio de contactos e o confinamento dos infetados.
Segundo o ECDC, "mudar a responsabilidade do reporte dos resultados dos testes dos profissionais de saúde e dos laboratórios para os indivíduos pode gerar uma subnotificação de casos, fazendo com que medidas como o rastreio de contactos e as quarentenas venham a ser um desafio ainda maior".
Além disso, os indicadores hoje usados para perceber a intensidade da pandemia pelos diferentes países europeus, que incluem a percentagem de testes positivos à Covid-19, podem ficar ultrapassados, sendo "difícil monitorizar a tendência de evolução da doença ao longo do tempo".
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A falta de sensibilidade dos autotestes para as diferentes variantes do vírus são outro problema considerado relevante pelo ECDC que avisa que estes só devem ser usados como complemento aos testes tradicionais ou em locais de alto risco de transmissão ou elevada interação entre pessoas, nomeadamente certos locais de trabalho ou escolas.
Apesar de considerados fiáveis, os peritos europeus avisam que nunca um autoteste deve ser suficiente para certificar que uma pessoa não está contagiada com Covid-19 ou que já recuperou da infeção.
Finalmente, eventuais falsos positivos podem gerar um peso excessivo sobre o sistema de saúde e confinamentos desnecessários, enquanto os falsos negativos podem gerar uma errada sensação de segurança.