Avaliação de risco e estudo para recuperação da cratera de Sistelo avançam esta terça-feira
O objetivo é criar condições para iniciar no imediato o controlo do risco e a reposição da área afetada.
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A avaliação das efetivas condições de segurança e o estudo para recuperação da cratera que se abriu no domingo à noite rasgando os socalcos agrícolas de Sistelo, em Arcos de Valdevez, vão avançar já hoje no terreno. O geólogo do Departamento de Ciências da Terra da Universidade do Minho (UMinho), Renato Henriques, que ontem avaliou o fenómeno de forma preliminar e determinou que a população retirada das suas habitações por precaução regressasse em segurança, regressa esta terça-feira ao local, com uma equipa de técnicos de áreas como a engenharia. O objetivo é criar condições para iniciar no imediato o controlo do risco e a reposição da área afetada.
"O essencial agora é a segurança das pessoas e das habitações, e depois vai-se dar início à fase de preparação para a estabilidade das terras e recuperação da zona que foi afetada, com a construção de muros de suporte e colocação de terra para encher a fenda", declarou esta manhã o Presidente da Junta de Sistelo, Sérgio Rodrigues, referindo que a população que ontem à noite já pôde reocupar as suas casas no Lugar da Igreja, onde aconteceu o fenómeno, "está neste momento tranquila e confiante nas entidades". Segundo o autarca, o aluimento de terras que se registou naquela freguesia, foi indicado pelo especialista que esteve no terreno, como sendo "natural" em zonas de grande declive e deu-se devido à "acumulação de água" no solo.
Renato Henriques comentou ontem à chegada ao local, sem se alongar quanto ao assunto, que fenómenos como aquele são típicos em territórios como o de Sistelo, onde "a sua beleza é também o seu maior perigo (aldeia é conhecida pelos seu socalcos)". Descartou também a possibilidade do incidente estar relacionado com ocorrências sísmicas.
Recorde-se que um aluimento de terra de grandes dimensões, no domingo à noite, provocou uma fenda no solo com cerca de 100 metros de extensão, junto à aldeia dos socalcos agrícolas, que se tornou conhecida como o "Tibete português". Àquela hora, cerca das 21.40 horas, decorria o jogo de eliminação da seleção nacional contra a Bélgica, e os habitantes recolhidos nas casas ou no café, não ganharam para o susto. Trinta e uma pessoas, entre as quais três casais de Lisboa que se encontravam a passar uns dias em Sistelo, foram retiradas das habitações por questões de segurança.
Após avaliação do fenómeno e "obtenção do modelo 3D da ocorrência", o geólogo Renato Henriques reuniu com as autoridades e foi decidido o regresso das pessoas à aldeia. De acordo com o especialista, a partir de hoje e ao longo desta semana vai ser "estudada uma solução de intervenção para reduzir o risco e repor a vertente, da fazer o mais rápido possível". Será feita pelas autoridades locais "a monitorização" do terreno afetado para "verificar se ocorrem mudanças morfológicas passíveis de reverter a decisão de fazer regressar as pessoas [às suas habitações]". Esta terça-feira "vai ser criado um perímetro de 30 metros à volta" da zona que aluiu, para "impedir movimentos de pessoas perto do local de risco".