Avante? "Partidos de direita gostariam de fazer uma festa idêntica e nunca conseguiram"
Arménio Carlos garante que não falhará a presença na festa comunista e condena o que diz ser uma polémica sem sentido.
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Em seis meses muita coisa mudou devido à pandemia, mas Arménio Carlos não perdeu a veia sindicalista que o caracterizou nos oito anos em que dirigiu a CGTP. Desde o início do ano, o operário-chefe da Carris teve vários momentos marcantes: a 15 de fevereiro abandonou a liderança da CGTP para Isabel Camarinha, a 27 de fevereiro regressou ao trabalho na Carris e passadas três semanas interrompeu funções devido à pandemia tendo ficado em casa até 2 maio. Agora, no final de um período de férias, Arménio Carlos fala à TSF mostrando preocupação com o momento que o país está a atravessar.
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Com discurso pronto, Arménio Carlos começa por criticar o facto de o direito à greve ter sido suspenso com o decreto que aplicou o estado de emergência. Uma afronta ao profissionais de saúde que jamais fariam greve naquele momento, considera.
Para o ex-sindicalista, a pandemia veio acentuar as desigualdades. E o Estado não defendeu convenientemente os direitos dos trabalhadores nem cuidou do setor social como cuidou das empresas. Medo é a palavra que Arménio Carlos utiliza para descrever a atual situação dos trabalhadores e combater esse medo é atualmente o maior desafio do sindicalismo, diz.
Sobre a CGTP, poucas palavras e nenhuma avaliação individual da sucessora, Isabel Camarinha, com quem não tem falado. E o partido? Arménio Carlos vai apenas às reuniões do comité central do PCP.
Para o militante comunista, o 1º de maio organizado pela CGTP e a festa do Avante do PCP são polémicas sem sentido. Aproveitamentos políticos da direita e de quem quer condicionar o direito de expressão dos trabalhadores. Um exemplo, argumenta, é o facto de ninguém criticar os cerca de 30 mil bilhetes que já foram vendidos para o Grande Prémio do Algarve, de Fórmula Um, em setembro.
Sobre o próximo orçamento do estado, Arménio Carlos defende que os partidos da esquerda devem negociar com o Governo e conseguir medidas que sejam mais do que o mínimo.
Preocupado com os perigos que a futura regulamentação do teletrabalho pode trazer, Arménio Carlos garante ainda que leu a Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica, elaborada por António Costa Silva e lamenta que o documento não tenha referências às relações laborais e às leis do trabalho.