Histórico edifício da cidade de Lisboa usa aves de rapina para afastar as gaivotas e evitar que nidifiquem.
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As populações de gaivotas têm crescido dentro das cidades. O alimento fácil e a falta de predadores são propícios ao aumento do número de indivíduos. Muitos já falam numa praga.
No entanto, este aumento tem trazido inúmeros problemas, não só às pessoas, mas também ao edificado, que pode ficar danificado com os dejetos destas aves. Nesse sentido, tem sido necessário cada vez um maior controlo destes pássaros.
O Mosteiro dos Jerónimos, por exemplo, usa aves de rapina para evitar que as gaivotas nidifiquem nos telhados do edifício. Rui Fortunato, o falcoeiro responsável pelas aves que controlam o Mosteiro, revelou à TSF que o objetivo é “provocar o desequilíbrio da rotina das gaivotas, para que elas não nidifiquem nos telhados e não sujem com dejetos a área do Mosteiro do Jerónimos, para que tudo continue em perfeitas condições de preservação, tanto a nível de telhados, como de infraestrutura e de estrutura do edifício”.
Com as aves de rapina no ar, o instinto das gaivotas é fugir, porque sabem que são estas aves são predadores naturais. “As gaivotas andam aqui à volta, mas tentam não se aproximar muito da área. E a ideia também é essa. É evitar que as gaivotas se mantenham aqui durante muito tempo” sublinhou o falcoeiro Rui Fortunato.
Mas desengane-se quem pensa que estas aves de rapina estão sempre no ar. À semelhança do que acontece na natureza, estes pássaros só o fazem quando é necessário. Rui Fortunato revela que “as aves de rapina, normalmente comem, e se não tiverem de andar a patrulhar o território, estão quietas. Ninguém gasta energia desnecessariamente, mesmo estas aves que são criadas em cativeiro, e utilizadas para este tipo de trabalho”.
O controlo da avifauna, com aves de rapina, não é considerado falcoaria, apesar de utilizar técnicas e princípios de caça desta arte, de modo a estabelecer uma relação entre o predador e a presa, mas sem captura. Mas a arte da falcoaria para caça é já uma prática milenar, e já foi reconhecida como Património Imaterial da Humanidade. “A falcoaria, em termos de caça, é uma arte bastante antiga de caça com aves de rapina. Portugal tem a prática da falcoaria reconhecida pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade desde 1 de dezembro de 2016, devido à prática histórica que tivemos durante estes séculos todos no nosso território” assinala Rui Fortunato.
O controlo da avifauna no Mosteiro dos Jerónimos não acontece durante todo o ano. É feito apenas durante a época de nidificação, algo que tem lugar na Primavera, entre o final do mês de março e o mês de junho.
