Baixar IVA dos alimentos? Deco concorda, mas pede outros apoios para "famílias de menores recursos"
No Fórum TSF, Natália Nunes, da Deco, sublinha que a classe média está "muito estrangulada" e, por isso, "deveriam ser privilegiados outros apoios de natureza social". Já Pedro Santos, da Confederação Nacional da Agricultura, defende a fixação de preços.
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A Deco considera positiva a ideia de reduzir o IVA dos bens alimentares essenciais, como admitiu, na quarta-feira, o primeiro-ministro. No entanto, Natália Nunes, da Defesa do Consumidor, referiu, no Fórum TSF, que esta ajuda é curta e são necessárias outras medidas para famílias que têm rendimentos mais baixos.
"A intenção parece-nos positiva, no entanto não será suficiente, nomeadamente, para ajudar as famílias de menores recursos. Bem sabemos que algumas destas medidas, como a do apoio para a renda e do apoio na bonificação do juro do crédito à habitação, aplica-se já a uma parcela daquilo que é a classe média, mas a verdade é que também temos uma classe média muito estrangulada. Entendemos que deveriam ser privilegiados outros apoios de natureza social para as famílias de menores rendimentos", sustenta Natália Nunes.
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Também no Fórum TSF, Pedro Santos, da Confederação Nacional da Agricultura, afirmou que a medida mais eficaz seria a fixação de preços, "desde que isso não resulte num aumento ainda maior dos lucros da grande distribuição".
"Parece-nos que é muito difícil garantir se não houver uma fixação de preços, mas também nos parece que estamos a afunilar muito a discussão apenas numa dimensão dos problemas que é os impostos, neste caso, o IVA. Temos um problema de mercado, que é evidente: por cada 100 euros de gás que os consumidores têm com produtos alimentares, apenas 20 a 25 ficam no produtor, o que quer dizer que a distribuição de valor ao longo da cadeia está muito enviesada e não há qualquer medida para atacarmos este problema", explica.
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Além da descida do IVA dos alimentos, no debate sobre política geral, na quarta-feira, no Parlamento, António Costa mostrou disponibilidade para rever os salários da função pública.
Na próxima quarta-feira acontece a primeira reunião para discutir a proposta do Governo de aumentos intercalares na administração pública e uma aceleração da revisão das carreiras.