Balsemão com Rio: "Crise não é de direita nem de esquerda", é do "sistema político"
Pinto Balsemão coloca-se ao lado de Rio para contrariar Marcelo Rebelo de Sousa, que há dias alertou para uma possível crise política à direita.
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O fundador do PSD, Francisco Pinto Balsemão, junta-se a Rui Rio na resposta a Marcelo Rebelo de Sousa, que há dias disse que pode vir a existir uma crise política à direita.
Pinto Balsemão defende que Portugal vive não uma crise de esquerda ou de direita, mas uma crise do sistema político. Questionado pelos jornalistas no final da primeira reunião do Conselho de Opinião 4.0 - responsável por preparar propostas para uma reforma do sistema político e eleitoral que deverão ser incluídas no programa eleitoral do PSD -, o fundador do partido rejeitou a crise da direita de que falou o Presidente da República há poucos dias.
"A crise não é de direita, nem de esquerda, a crise é realmente de um sistema político que, em muitos aspetos - este é um deles -, está ultrapassado e precisa de conquistar o apoio popular e a vontade das pessoas de participarem e perceberem que a democracia é de longe o melhor sistema político em que podemos viver", respondeu o antigo primeiro-ministro.
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Depois do encontro do conselho de opinião, Rui Rio defendeu que para o PSD é "altamente prioritária uma revisão do sistema político" e avançou uma das propostas que pode ser incluída no programa eleitoral do partido.
"Tudo o que ser vier a fazer tem de levar a uma maior aproximação do eleitor ao eleito e do eleito ao eleitor. O sistema atual é um sistema em que os partidos escolhem os deputados de uma forma muito fechada e os eleitores depois, ao longo dos mandatos, não chegam sequer a conhecer bem os deputados quando os círculos são muito grandes. Os círculos têm de ser mais pequenos, isto para mim é absolutamente claro", esclareceu o líder dos sociais-democratas.
O presidente do PSD considera, a título pessoal, que o número de deputados também pode ser reduzido.
"Na minha opinião, haveria uma redução do número de deputados pelo lado da contagem dos votos brancos e nulos. A Assembleia da República teria uma composição variável - com máximo e mínimo e nunca viria abaixo do mínimo - e se se elegem mais ou menos deputados, teria a ver com os votos brancos e nulos. Não é com a abstenção, que não conta para nada", defendeu Rio, ressalvando que esta á uma opinião pessoal e "não do partido".
O conselho de opinião para a reforma do sistema eleitoral, presidido por Pinto Balsemão, deve voltar a reunir-se dentro de duas semanas. Nessa altura, devem ser apresentadas todas as conclusões defendidas pelo grupo.
No sábado, o líder do PSD, Rui Rio, já tinha discordado da análise do Presidente da República sobre a possibilidade de uma crise na direita portuguesa, considerando-a uma visão "otimista" e "superficial", e defendeu que a crise é "transversal" ao regime.