Bancários unidos pressionam o Millennium BCP para que sejam devolvidos os cortes nos salários entre 2014 e 2017.
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Esta quarta-feira, à porta da Assembleia Geral de acionistas do Millennium, todos os sindicatos de bancários (o que acontece pela primeira vez desde o 25 de abril de 1974), juntam-se em protesto contra aquilo a que chamam "indefinição" da administração com o plano de devolução de salários.
O presidente do Sindicato Nacional dos Quadros Técnicos Bancários (SNQTB), Paulo Marcos, afirma que "foram retirados 40 milhões de euros aos trabalhadores" entre 2014 e 2017 e querem a devolução deste dinheiro o mais rápido possível.
Mas, perante os 40 milhões a administração do BCP apenas prevê para este ano 12,6 milhões de euros de compensação aos funcionários mas sem um calendário definido.
O sindicalista Paulo Marcos garante que o Banco tem capacidade para pagar porque "o Banco voltou aos lucros com resultados excelentes quer em Portugal quer nos mercados internacionais".
À porta da Assembleia Geral de acionista "nós vamos reclamar aquilo que achamos que é direito dos trabalhadores, reformados e pensionistas do Millennium BCP" que "desde 2010 que não promove qualquer atualização dos vencimentos e das pensões dos seus trabalhadores e nós achamos isto profundamente injusto. Mais grave ainda é o único grande Banco que não promoveu qualquer atualização salarial em 2019, o que nós achamos intolerável", adianta Paulo Marcos.
Quanto à devolução dos cortes salariais, o sindicalista recorda que esta "foi uma fórmula que os trabalhadores, os sindicatos e o Banco encontraram para ajudar a preservar a independência e autonomia do Banco. Nós achamos que o Banco deveria ter feito um esforço de devolver de forma mais rápida estes montantes que foram reduzidos de forma contratual com os trabalhadores".
Trabalhadores dentro e fora da Assembleia Geral
Os bancários vão estar em manifestação à porta da Assembleia Geral do BCP mas também vão estar no interior porque o Sindicato conseguiu reunir um milhão de ações, ou seja 3% do capital social do BCP, que podem influenciar a discussão do ponto dois da ordem de trabalhos relativo aos dividendos e à distribuição de compensações aos trabalhadores.
Um ponto conjunto, o que para o SNQTB não é transparente. "O fato de estarem embrulhados no mesmo ponto os dividendos e a devolução aos trabalhadores faz com que seja difícil perceber qual é o mandato que está a ser pedido" pela administração.
Paulo Marcos defende que "há todas as condições para que a devolução de todos os montantes retidos seja feita de forma muito mais célere" do que a sugerida pelo BCP.
E, o sindicalista quer que se separem as águas: "aos trabalhadores não estão a ser pagos nenhuns prémios apenas estão a ser compensados pelos cortes que foram efetuados entre 2014 e 2017", conclui.
O BCP tinha 7.262 trabalhadores em Portugal no final de março de 2019.
O grupo chinês Fosun é o maior acionista do banco, com cerca de 27% do capital social, seguindo-se a petrolífera angolana Sonangol com 19%. O fundo de investimento Blackrock tinha, em final de 2018, cerca de 2,8% e o grupo EDP 2,11%.