Banco Alimentar recolhe 2300 toneladas de alimentos e ultrapassa valor do último ano
Isabel Jonet destaca, na TSF, que "esta manifestação coletiva de solidariedade é muito importante", até porque a pobreza "mudou de rosto": "Hoje temos muitos trabalhadores que são pobres."
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O Banco Alimentar Contra a Fome alerta que a "pobreza se alterou", uma realidade que motivou "uma grande generosidade" nos últimos três dias e permitiu a esta entidade recolher quase 2300 toneladas de alimentos.
"Este número representa uma confiança reiterada dos portugueses nos Bancos Alimentares e, sobretudo, uma grande generosidade e uma atenção enorme às pessoas que têm hoje carências", explica, na TSF, a presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome (FPBACF), Isabel Jonet.
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Contas fechadas, a quantidade angariada bateu a de 2022, uma vez que no último ano os voluntários recolheram 2098 toneladas. Este número representa também um aumento de 10% em relação ao mesmo período do ano passado.
Isabel Jonet aponta por isso que este valor assume maior importância depois do Instituto Nacional de Estatística ter revelado que a pobreza aumentou no ano passado. Quase 17% dos portugueses está nesta situação.
"[Este valor] É tanto mais expressivo quando sabemos que, habitualmente, os doadores nestas campanhas não são pessoas ricas, são pessoas que elas próprias, muitas vezes, precisariam de apoio alimentar, mas não querem deixar de contribuir e de estar presentes nesta campanha", sublinha.
Os alimentos recolhidos vão ser distribuídos já na próxima semana a 2600 instituições de solidariedade social, sob a forma de cabazes ou de refeições confecionadas. O Banco Alimentar Contra a Fome estima que sejam abrangidas 400 mil pessoas.
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A presidente desta entidade alerta ainda que "hoje a pobreza se alterou: mudou de rosto".
"Para além da pobreza estrutural, e que tem que ver mais com as baixas pensões de reforma, hoje temos muitos trabalhadores que são pobres e que têm famílias com crianças e que, por causa do inesperado que foi o aumento das prestações do crédito à habitação, que não conseguem acomodar totalmente nos seus rendimentos, se encontram nesta situação difícil e até por isso é muito importante esta manifestação coletiva de solidariedade", conta.
Isabel Jonet acrescenta igualmente que, para além das doações, o número de voluntários foi "muito impressionante".
"Ver 40 mil voluntários que estão a dar o seu tempo para que outros comam é muito impressionante e nós só temos de expressar um agradecimento público", afirma.
Neste fim de semana, os 40 mil voluntários tornaram possível a campanha que decorreu sob o mote "A sua ajuda pode ser o que falta à mesa de uma família".
Em regra, o Banco Alimentar promove duas campanhas por ano que se destinam a angariar alimentos básicos para pessoas carenciadas, como leite, arroz, massas, óleo, azeite, grão, feijão, atum, salsichas, bolachas e cereais de pequeno-almoço.
Os bens entregues aos voluntários à saída dos supermercados foram encaminhados para os diversos armazéns do Banco Alimentar, onde são separados e acondicionados antes de serem distribuídos pelas pessoas com carências alimentares comprovadas.