Banco de Portugal alerta que fim das moratórias pode conduzir a aumento do crédito malparado
O "Relatório de Estabilidade Financeira", que é publicado semestralmente pelo regulador bancário português, demonstra que o crédito mal parado decorrente do fim das moratórias pode atingir os 11 mil milhões de euros.
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Os dados do "Relatório de Estabilidade Financeira", que foi esta quinta-feira publicado pelo Banco de Portugal, revelam que "a adesão à moratória de crédito contribuiu para reduzir as necessidades de liquidez das empresas".
O BdP estima "que até ao final do período de vigência da moratória (setembro de 2021), as prestações devidas e não pagas possam ascender a cerca de 15% do stock de empréstimos das empresas (cerca de 11 mil milhões de euros, do qual um terço relativo a prestações devidas até setembro 2020)".
De acordo com o banco central "a moratória e as linhas de crédito com garantia pública foram fundamentais para mitigar os efeitos da pandemia sobre a liquidez e sobre o risco de crédito das empresas, sendo particularmente importantes nos setores de atividade mais afetados pela crise e, em especial, para as Pequenas e Médias Empresas".
Mas o BdP avisa que "no momento em que as moratórias de crédito expirarem poderá ocorrer um aumento significativo do incumprimento, em magnitude dependente da duração da pandemia e das outras medidas que estiverem em vigor à data".
Quanto às famílias, "a adesão à moratória foi significativa nos meses de abril e maio de 2020, sendo residual entre junho e setembro, apesar dos prolongamentos dos prazos-limite para adesão. Considerando o crédito a famílias por finalidade, observa-se que 19% do stock de crédito pessoal, 19% do stock de crédito à habitação e 6% do stock de crédito automóvel se encontravam abrangidos por moratória".