Banco de Portugal quer reduzir para metade choque dos juros nos créditos à habitação e consumo
A chamada recomendação macro-prudencial do Banco de Portugal tem levado a alguns condicionantes no acesso a crédito das famílias e a TSF sabe que o conselho de administração já aprovou uma alteração a essa recomendação que implica a abertura de uma consulta publica já na próxima semana.
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Um ano depois do início da subida das taxas de juro, o banco de Portugal vai rever a recomendação para alterar o choque do cálculo das taxas de esforço, nos empréstimos à habitação e crédito a consumo, mas apenas nas modalidade de taxas variáveis e mistas.
A proposta vai ser colocada a consulta pública na próxima semana e prevê cortes para metade nas respetivas maturidades, para entrar em vigor já após o verão.
Na prática, o que o Banco de Portugal vai fazer é alterar o choque que é considerado para o cálculo da taxa de esforço máxima a que as famílias podem estar sujeita, quando solicitam crédito à habitação, ou ao consumo.
Até aqui os créditos de maior duração, estavam sujeitos a 300 pontos base, à taxa de juro atual nos casos em que o requerente não excedia os 50% de rendimento familiar, com a nova proposta passará para metade, para os 150 pontos base, ou seja, à taxa de juro que estiver a correr no mercado quando se estiver a pedir o crédito, soma-se mais um ponto e meio percentual, para se fazer esse teste de esforço. Isto para os créditos com maiores durações, acima de 10 anos.
O ajuste inclui ainda créditos com prazos mais curtos. Para créditos a cinco anos, a taxa de esforço passa dos 100 para os 50 pontos base, ou seja, passa a ser mais 0,5%
Já para créditos entre 5 a 10 anos, a taxa de esforço passará a ser de um ponto percentual.
A TSF sabe que esta é uma alteração decidida após análise aos impactos das subidas dos juros nos últimos 6 meses.
Só no 1.º trimestre deste ano, a evolução de novos créditos à habitação recuou e o montante de novas operações de crédito às famílias foi em março de mil 170 milhões face aos mil e 400 em igual período do ano passado.
À banca cabe avaliar as situações de risco das famílias, ao banco de Portugal cabe agora a decisão de avançar com esta alteração à recomendação macro-prudencial que após consultas informais à banca e ao ministério das finanças, o leva a colocar em consulta publica esta proposta já na próxima semana, para entrar em vigor no final do verão, ou o mais tardar, no decorrer do próximo outono.