Banco de Portugal: só mais pobres viram crescer rendimento real no 1.º semestre de 2022
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Foi publicado esta terça-feira, em destaque ao "Boletim Económico" de outubro do Banco de Portugal (BdP), uma análise aos "Efeitos distributivos sobre as famílias da evolução económica recente".
As famílias foram ordenadas em cinco grupos (quintis) de rendimento, sendo o primeiro grupo para as famílias que ganham menos de 8200 euros por ano e o último grupo para os 20% que têm uma riqueza líquida acima de 48.700 euros anuais.
"No primeiro semestre (janeiro a junho de 2022) estima-se um aumento homólogo de 5,1% do rendimento disponível das famílias. Os rendimentos do trabalho dão um contributo de 4,4 pontos percentuais para esta variação", destaca o BdP.
E, em termos reais, apenas o quintil com menos rendimentos vê crescer 0,7% o rendimento disponível.
Assim, nos primeiros seis meses do ano, assistimos a "uma redução da desigualdade na distribuição do rendimento. As famílias do primeiro quintil de rendimento, que no conjunto têm apenas 6,8% do rendimento agregado, têm um crescimento do rendimento disponível bastante mais elevado do que as dos restantes quintis", demonstra o BdP.
"Por grupos de famílias, o crescimento do rendimento disponível em termos nominais apresenta, tal como o do rendimento do trabalho, um perfil decrescente com a riqueza e, principalmente, com o rendimento disponível por adulto equivalente. Isto significa que se assistiu a uma redução da desigualdade na distribuição do rendimento", sublinha.
O BdP remete este resultado para o aumento do salário mínimo nacional e das pensões mas "decorre principalmente da evolução favorável do emprego".
Ou seja, "o impacto positivo do dinamismo do mercado de trabalho no rendimento disponível é igualmente ilustrado pelo aumento acentuado deste rendimento para as famílias em que o indivíduo de referência estava desempregado ou numa situação de inatividade", no primeiro semestre de 2022.
"Quanto à riqueza, os resultados da simulação mostram um aumento de 12,1%. O aumento da riqueza reflete uma valorização positiva de 10,9% dos ativos e de 1,3% da dívida. O aumento significativo no valor dos ativos é comum a todos os grupos considerados e traduz principalmente o dinamismo do mercado imobiliário e o elevado peso dos imóveis no total de ativos", conclui o BdP.
O BdP avisa que este é um "exercício de simulação" e apenas para os primeiros seis meses do ano, sendo que "o segundo semestre será caracterizado, em termos comparativos, por uma menor criação de emprego, uma inflação mais elevada, taxas de juro mais altas e transferências orçamentais dirigidas às famílias maiores e com uma abrangência diferente da habitual".
