Bancos reconhecem que FMI "faz o seu papel", mas "não existe razão para alerta especial em Portugal"
BPI assegura continuar a pagar os dividendos aos acionistas "exatamente da mesma forma".
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Os bancos reconheceram, esta quinta-feira, que o Fundo Monetário Internacional (FMI) "faz o seu papel" em recomendar a abstenção de pagar todo o acréscimo dos lucros através de dividendos, mas defendem que "não existe razão para um alerta especial para Portugal".
Na 7.ª edição da Money Conference, um evento promovido pela TSF e Dinheiro Vivo, o representante do Millennium BCP, Miguel Maya, nota que as pessoas investem na banca à espera de retorno e que "cada um ouve o que quer ouvir daquilo que são os recados do FMI".
"O setor tem sido francamente prudente. Se olharmos para a última década, tem estado claramente alinhado com a defesa da economia e alinhado com a economia real. Não havia razão para um alerta especial aos bancos portugueses", afirmou, acrescentando que não reconhece a ideia "de que há lucros absolutamente excessivos".
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"A banca teve mais de dez anos com a rentabilidade abaixo do custo de capital, houve um processo de normalização da política monetária e, portanto, a banca tem agora lucros que estão bastante alinhados com aquilo que é o custo de capital", rematou.
Também o presidente do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, destacou que "os bancos portugueses têm demonstrado uma enorme resiliência a vários níveis, num mercado muitíssimo estreito com uma enorme concorrência".
O BPI assegurou que vai continuar a pagar os dividendos aos acionistas "de acordo com as regras impostas pelo supervisor", ou seja, "exatamente da mesma forma": "Não foi até hoje necessário ter outro comportamento."
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A opinião é consensual entre os banqueiros e o CEO da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, deixou uma mensagem clara: "Aconselhar prudência, toda a gente faz".
O FMI avisou na quarta-feira que "os tempos vão ficar mais difíceis", sendo necessários "amortecedores adicionais". A situação é classificada como "normal" dada a apertada política monetária com elevadas taxas de juro, entretanto estabilizadas pelo Banco Central Europeu, que coloca mais entraves ao acesso ao financiamento e leva a que as famílias e as empresas paguem mais pelos seus empréstimos, nomeadamente à habitação.
No debate "A política monetária e os desafios da Inteligência Artificial no futuro da banca", com a moderação da diretora de Informação da TSF, Rosália Amorim, os representantes dos bancos pediram ainda ao Governo uma resposta rápida à crise política.