Banir o TikTok "vem dar mais força" a recomendações do Gabinete Nacional da Segurança
"Agora, se calhar, a recomendação deixará de o ser para passar a ser uma ordem", diz à TSF diretor-geral do Gabinete Nacional da Segurança.
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O diretor-geral do Gabinete Nacional da Segurança, António Gameiro Marques, saúda a decisão da Comissão Europeia de banir o TikTok dos aparelhos digitais usados pelos funcionários por razões de segurança.
Em declarações à TSF, considera que a medida vem dar força às recomendações que o gabinete que lidera já fez a várias entidades governamentais já este ano.
"Quando a Comissão Europeia adota essas medidas, é mais fácil para os Estados-Membros, onde é normalmente mais difícil fazer isso, alinharem por isso. [E Portugal?] Vem dar mais força a quem recomendou e agora, se calhar, a recomendação deixará de o ser para passar a ser uma ordem. Mas alguém a dará", afirmou o diretor-geral do Gabinete Nacional da Segurança.
António Gameiro Marques detalha as recomendações feitas pelo Gabinete Nacional da Segurança, que está sob a tutela da Secretaria de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa.
"Recomendámos veementemente que essa aplicação não fosse utilizada em dispositivos de pessoas afetas ou próximas de entidades governativas que tratam matérias sensíveis. Áreas e órgãos de soberania, os Negócios Estrangeiros, a Administração Interna, a Justiça, a Defesa e inclusivamente toda a infraestrutura tecnológica que serve o Governo. Pessoais ou institucionais. Foi feito, no mínimo, há um mês", revela.
O diretor-geral do Gabinete Nacional da Segurança alerta para os perigos da rede social chinesa, que vai desde a recolha de informação da informação, até à gravação de conversas.
"O sistema capturar determinados dados de comportamentos das pessoas que usam o TikTok. Depois, é possível que os promotores do TikTok tenham influencers que sejam vocacionados, que têm como propósito induzir determinada perceção da realidade a quem os vê e quem os ouve no TikTok. Depois, há uma terceira componente nalguns dispositivos em que a própria aplicação pode, sem controlo do seu utilizador ou do dono do equipamento, escravizar, digamos assim, o altifalante e todos os sensores de maneira a poder gravar e depois enviar conversas que são ditas no sítio em que o telemóvel está", explica António Gameiro Marques.
Para o diretor-geral do Gabinete Nacional da Segurança alerta para os riscos do uso do TikTok por terceiros, dando o exemplo dos filhos de funcionários de empresas ou de instituições europeias.
"O TikTok é mais usado por crianças e adolescentes. Os influencers são treinados para influenciar esse grupo etário. Agora, uma criança a usar o TikTok no seu telemóvel, ou telemóvel que os pais lhe deram, ou o que for, o dispositivo pode estar numa sala, pode estar num local onde se faz information gathering. Pode ouvir a conversa dos adultos e imagine que os pais dessa criança são alguém valioso numa sociedade ou numa empresa. É quase a mesma coisa que uma determinada entidade ter escutas em casa, só que estas estão num dispositivo que ele próprio contou, o que é ridículo. É uma invasão da privacidade a um nível absolutamente astronómico", conclui.