"Barreira da máscara" durante a pandemia afetou as cordas vocais dos portugueses
Até esta quinta-feira, vão decorrer rastreios na Unidade da Voz do Hospital Egas Moniz entre as 09h00 e as 17h00, abertos a toda a população.
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O uso da máscara durante a pandemia causada pela Covid-19 afetou as cordas vocais dos portugueses. O alerta é feito pela médica Clara Capucho, explicado pelo "afastamento" dos pacientes com sintomas como a rouquidão, que não "tinham Covid, mas tinham medo de o apanhar".
Para despistar os casos mais graves de doença, a Fundação GDA - Gestão dos Direitos dos Artistas e o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental iniciaram rastreios de voz gratuitos, que se irão prolongar até esta quinta-feira, no âmbito do Dia Mundial da Voz, que se comemora a 16 de abril, com o lema deste ano a ser "Ergue a tua Voz".
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Já nestes rastreios, Clara Capucho revela que encontrou "alguns carcinomas, mas, em 95% dos casos, quando é apanhado no início, cura totalmente".
Para o agravamento destas patologias, a médica acredita que a "barreira da máscara" teve influência, principalmente em profissionais que usam a voz como ferramenta de trabalho, porque "para além do cansaço pela falta de exercício respiratório, já não estavam habituados a ouvir a sua própria voz".
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A máscara "além de intuitivamente aumentar a pressão, projeção, a intensidade da voz e acionar músculos cervicais diferentes, também dá um feedback diferente da voz", explica a otorrinolaringologista, ficando, os visados, "sem perceberem se já não têm a mesma voz ou se não conseguem fazer os espetáculos", é chamada, do ponto de vista científico uma "disfonia de tensão muscular".
Desde que seja diagnosticada a tempo, Clara Capucho acredita na reabilitação rápida e, com o rastreio, o maior objetivo é "voltar a deixar as pessoas bem".
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Para prevenir problemas graves nas cordas vocais, a médica enumera vários cuidados a ter: "Não pigarrear, beber água, falar no seu registo normal, se vir se a sua voz está rouca, descanse e, se estiver constipado, não fale".
Além disso, Clara Capucho também aconselha "tentar, à noite, não comer antes de se deitar", porque, "o pH que vem do estômago é inflamatório" e as cordas vocais inflamam e "é normal que, no dia seguinte, dê uma rouquidão e até uma modificação das células".
Os rastreios, que estão abertos a toda a população, decorrem na Unidade da Voz do Hospital Egas Moniz entre as 09h00 e as 17h00, mediante inscrição prévia no site da Fundação GDA.