É esta a crítica deixada à TSF pela presidente da junta de freguesia da Misericórdia. Carla Madeira adianta como o barulho excessivo na capital está a afetar moradores e o comércio tradicional
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Desde o seu lançamento, a 19 de setembro de 2022, a Linha Ruído registou 4952 queixas. Deste número, cerca de metade foram registadas no ano passado. Até 31 de agosto deste ano, foram ainda aplicadas, no total, 853 multas e 464 restrições de horário, sendo que apenas 38 destas restrições foram definitivas.
Os dados foram enviados à TSF pela Câmara Municipal de Lisboa. A Linha Ruído é uma iniciativa deste órgão executivo para solucionar queixas de barulho excessivo na capital. O vereador com a pasta de Segurança e Polícia Municipal, Ângelo Pereira, faz um balanço positivo do serviço. “Temos apostado muito, na consequência desses números, na fiscalização. Têm-nos chegado várias ocorrências e temos atuado de imediato através da Polícia Municipal ou reencaminhando para a PSP”, diz à TSF.
Já a presidente da junta da freguesia da Misericórdia, Carla Madeira, não partilha da mesma opinião. É nesta freguesia onde ficam arruamentos muito frequentados à noite, como o Bairro Alto e o Cais do Sodré.
“A Linha Ruído não trouxe nenhuma diferença à resolução do problema das pessoas”, afirma. “Não trouxe mudança rigorosamente nenhuma, porque não é pelas pessoas ligarem para a Linha Ruído que o problema é resolvido no dia ou no dia seguinte.”
Apesar de Carla Madeira reconhecer que a fiscalização ocorre após a queixa de ruído, a presidente da junta da freguesia da Misericórdia diz que falta aplicar consequências. “Muitas vezes até existe a fiscalização, a Polícia Municipal atua rapidamente, mas depois não é aplicada nenhuma penalização, não há nenhum efeito a nível de restrições nem a nível encerramento de estabelecimentos”, adianta.
Carla Madeira acrescenta ainda que a junta de freguesia tem registado mais queixas de barulho, o que está a prejudicar os moradores e também o comércio tradicional.
Entre os estabelecimentos que mais estão a sofrer, a presidente da junta dá o exemplo das casas de fado. Carla Madeira explica que negócios como este têm um determinado tipo de clientes que “não vão a um bairro onde entram e, de repente, têm centenas de pessoas embriagadas, a fazer barulho, a vomitar, a urinar”.
“O que está a passar na cidade, mas, em particular, na freguesia da Misericórdia, é que estamos paulatinamente a afastar um tipo de comércio que dignifica o nosso turismo e que tem feito crescer a imagem do turismo de Lisboa no estrangeiro”, refere, voltando a defender que é preciso solucionar os problemas que o barulho excessivo provocam na capital, mas que a Linha Ruído não está a ser a solução.
