A saída de dez cirurgiões já teve uma primeira consequência: em 2025, o hospital não vai receber novos internos para formar e "está em cima da mesa" a retirada definitiva da capacidade formativa
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No dia em que a ministra da Saúde se reúne com a administração do Hospital Amadora-Sintra, Carlos Cortes, o bastonário da Ordem dos Médicos, afirma que é urgente "salvar" o serviço de cirurgia geral daquele hospital, que serve cerca de meio milhão de pessoas.
Na terça-feira, no Parlamento, Ana Paula Martins considerou que a situação é "preocupante". Esta quarta-feira, na TSF, Carlos Cortes detalha o impacto que já está a ter a saída de dez cirurgiões gerais, no final de outubro, por discordarem do regresso de colegas que os tinham criticado.
O bastonário lembra que o serviço chegou a ter duas dezenas de especialistas e hoje funciona com menos de metade. "O serviço tem dez médicos internos de cirurgia geral (...) e oito especialistas e é muito provável que, desses oito, (...) ainda este ano, um ou dois possam sair. Na prática, pode ficar reduzido a seis ou menos especialistas, o que compromete substancialmente a atividade."
Por isso, após a visita de Ana Paula Martins, Carlos Cortes promete voltar a contactar o hospital e o Ministério da Saúde para "perceber quais são os planos para salvar a cirurgia geral do Amadora-Sintra".
Para já, a saída de cirurgiões do Hospital Fernando Fonseca já teve uma primeira consequência: em 2025, o hospital não vai formar novos médicos. Está também em discussão a "retirada da idoneidade formativa", o que significa que "os médicos internos que estão em formação naquele hospital, poderão ter de ser colocados noutros hospitais, porque o hospital pode perder a capacidade de formar os próprios internos que, neste momento, tem no serviço".
Para o bastonário, isto teria um impacto "desastroso" sobre a capacidade de resposta do hospital na área cirúrgica.
Apesar da gravidade da situação, por agora, Carlos Cortes não tem notícia de cancelamento de cirurgias, mas o bastonário vai voltar a questionar o hospital e a ministra da Saúde sobre esta questão. Cortes defende que o serviço de cirurgia geral só pode salvar-se com a contratação de cirurgiões gerais e não de médicos de outras especialistas. O responsável já se reuniu com a administração do Amadora-Sintra, a quem fez questão de sublinhar isso mesmo.