José Manuel Silva recorda que o Ministério da Saúde nunca ofereceu aos médicos portugueses as condições que está a oferecer aos clínicos cubanos, que ganham três vezes mais do que os seus colegas portugueses.
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O bastonário da Ordem dos Médicos desafiou o Ministério da Saúde a pagar aos médicos portugueses o mesmo que paga aos cubanos contratados para fazer face à carência de médicos de família em algumas partes do país.
Ouvido pela TSF, José Manuel Silva lembra que os médicos vindos de Cuba estão a ser pagos com valores três vezes acima dos portugueses «sem que as mesmas condições sejam oferecidas aos médicos portugueses».
«Enquanto jovens e menos jovens especialistas portugueses estão a emigrar porque são pagos com vencimentos líquidos de cerca de oito euros à hora, os colegas cubanos sem especialidade são pagos por valores três vezes superiores», frisou.
Após o jornal i ter revelado os vencimentos dos clínicos cubanos, o bastonário da Ordem dos Médicos criticou ainda o facto de os hospitais e centros de saúde não estarem a pagar diretamente os vencimentos aos médicos cubanos.
José Manuel Silva entende que o depositar do dinheiro numa conta em Cuba, o que faz com que os clínicos apenas recebam uma parte desta verba, «é uma questão política, ética e humanamente inaceitável e criticável».
«Não entendemos como o Governo português faz um acordo deste tipo em que os médicos são usados como uma forma de mercadoria para exportação por parte do governo cubano», adiantou.
Para José Manuel Silva, «ficava muito mais barato contratar médicos portugueses reformados, que têm uma especialidade, mais qualidade, não têm barreiras linguísticas e culturais e entendem os doentes e os doentes entendem-nos a eles».