Bastonário responde a diretor da PJ: "Tem de perceber que a sua função não é ser agitador de águas"
Esta terça-feira, Luís Neves afirmou, em resposta à participação disciplinar contra si apresentada pelo Bastonário da Ordem dos Advogados, que ninguém o "calará" porque tem obrigação de "agitar as águas".
Corpo do artigo
O Bastonário da Ordem dos Advogados respondeu esta quarta-feira ao diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), afirmando que Luís Neves "tem que perceber que a sua função não é ser 'agitador de águas'", acrescentando que "se a cédula profissional lhe deu trabalho a conquistar, também dá trabalho a manter, como sucede com todos os advogados".
A resposta de Luís Menezes Leitão surge depois de o diretor nacional da PJ ter afirmado que ninguém o "calará" porque tem "obrigação, idade e estatuto para poder agitar as águas".
15287070
O diretor da PJ reagia assim ao facto do Conselho de Deontologia de Lisboa da Ordem dos Advogados (CDLOA) ter criticado declarações suas e confirmado que a participação disciplinar apresentada pelo bastonário Luís Menezes Leitão "seguirá agora a devida tramitação".
Em causa estão declarações de Luís Neves numa entrevista ao Observador em 17 de outubro, na qual disse que nos processos de criminalidade económico-financeira há um "terrorismo judiciário, com recursos permanentes e incidentes processuais que entorpecem os autos" até uma decisão final, responsabilizando os advogados por essa situação e considerando que é uma das causas para a morosidade da justiça. Declarações que Menezes Leitão entende terem sido "ofensivas" e "inaceitáveis".
15264271
No final da cerimónia comemorativa do 77.º aniversário da PJ, no Porto, Luís Neves realçou que "todos" têm responsabilidades nos atrasos processuais, por isso, que "ninguém se ponha de fora".
Luís Neves garantiu que "nunca quis faltar ao respeito, nem falta ao respeito a ninguém" recordando que, antes de ingressar na PJ, foi advogado com "muita honra e orgulho", tendo a cédula profissional dado trabalho a conquistar.
"Eu digo e repito, a nós, polícias, só nos move uma coisa que é a descoberta da verdade material, mas há quem queira fugir dessa descoberta da verdade material. Nós nunca nos desviaremos desse caminho", frisou.
O diretor da PJ salientou que ninguém o calará, nem lhe tirará o bem mais precioso que tem "que é a liberdade", liberdade essa que, disse, exercita "para contribuir para que as coisas no país possam ser cada vez melhores".