BE critica PS. "É duvidoso um líder parlamentar dar indicações para uma comissão de inquérito"
O líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, espera que a divulgação dos documentos não sirva para desviar as atenções daquele que é o objetivo da comissão de inquérito à TAP.
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O Bloco de Esquerda criticou, esta sexta-feira, as declarações do líder parlamentar do PS sobre a divulgação de documentos classificados da comissão parlamentar de inquérito à TAP. Pedro Filipe Soares censurou a postura do Eurico Brilhante Dias.
"Uma comissão de inquérito implica uma responsabilidade individual dos seus deputados e das suas deputadas, que lhes retira até do espaço de influência coletiva que é um grupo parlamentar. Há ali uma ação individual ainda mais marcada por causa do figurino jurídico que configura uma comissão parlamentar de inquérito. Por isso, acho que é, no mínimo, duvidoso que um líder parlamentar venha dar indicações para dentro de uma comissão de inquérito", afirmou.
"Eu não o farei, não ouvirão de mim qualquer palavra nesse sentido", atirou.
O líder parlamentar do BE rejeitou falar sobre os documentos divulgados e disse apenas esperar que o caso não sirva para desviar as atenções daquele que é o objetivo da comissão de inquérito.
"Espero que não sirva para desviar a atenção do conteúdo da comissão de inquérito, que é investigar a responsabilidade política do executivo, do Governo, na gestão de um dossiê tão importante como é o dossiê da TAP", acrescentou.
O líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, considerou a divulgação dos documentos enviados pelo Governo para a comissão parlamentar de inquérito (CPI) à gestão da TAP, considerados classificados, um "crime grave".
"Aquilo que aconteceu na comissão parlamentar de inquérito configura um crime, provavelmente praticado por membros de um órgão de soberania, e isso para nós, é particularmente grave", em declarações aos jornalistas esta sexta-feira no Parlamento.
Eurico Brilhante Dias defende a "honra e o profissionalismo dos deputados do Partido Socialista", que descreve como "exemplares na defesa da verdade do processo de apuramento verdade na CPI, doa a quem doer", mas acusa, por outro lado, "alguns grupos parlamentares, especialmente à direita", de querer prejudicar o Governo num eventual processo na Justiça pelos presidentes da TAP demitidos. "Aquilo que estão a fazer é o trabalho dos advogados daqueles que intentam contra o Estado", acusa.
"Aquilo que está a acontecer é uma fuga seletiva de informação contra o interesse público e o interesse do Estado", reforça. "Estamos a construir aqui um quadro que prejudica o Estado e prejudica os contribuintes."
A SIC e CNN Portugal tiveram acesso a estes documentos e revelaram esta quinta-feira que o PS e a ex-CEO da TAP terão combinado as perguntas que o deputado Carlos Pereira devia fazer na audição no Parlamento e as respostas que Christine Ourmières-Widener devia dar nessa audição.