O Bloco de Esquerda acusou o Executivo de reconfigurar o país «pela destruição», reclamando que nunca como agora quem trabalha e vive em Portugal «pagou tanto para ter tão pouco do Estado».
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«O que é que o Governo tem para oferecer ao país? Qual é a resposta que dá?», questionou Catarina Martins, coordenadora e deputada do Bloco, que se dirigia ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, no debate no parlamento sobre o estado da Nação.
Acusando o executivo de ter cortado nos apoios «a quem mais precisa», Catarina Martins diz que o Governo de Passos Coelho aplicou «austeridade em nome da dívida e dos mercados».
«Quando acabar este debate a dívida pública estará quatro milhões de euros mais alta do que quando iniciou há minutos atrás», advogou a bloquista, para quem o Governo deveria estar a bater-se pela reestruturação da dívida e não sentado no «camarote de Angela Merkel a assistir aos golos marcados na própria baliza».
Na resposta, Pedro Passos Coelho disse que o Governo «escolheu os portugueses, não os mercados», e defendeu que as políticas defendidas pelo Bloco são «contrárias ao interesse dos portugueses».
«Nunca viu o Governo a enfiar a cabeça na areia e a negar a realidade», disse depois o governante, falando do «desemprego intoleravelmente elevado do país», reconheceu.
Contudo, prosseguiu Passos Coelho, para que o Estado apoie socialmente os mais desprotegidos é preciso que haja financiamento para tal.
«As políticas que tivemos de prosseguir destinaram-se a oferecer um futuro de esperança aos portugueses, enquanto aquela que a senhora defende não faz outra do que fazer os portugueses regressarem a um passado de má memória», declarou o chefe do Governo.
No final, Catarina Martins e Passos Coelho fizeram interpelações à mesa que conduzia os trabalhos sobre relatórios do FMI, nos quais a coordenadora do Bloco acusava o governante de não ter seguido indicações de apelo à reestruturação da dívida em 2011, com Passos a reclamar da bloquista a leitura de tais passagens.