Para além dos fogos florestais, outra preocupação da coordenadora do BE são os ajuntamentos de pessoas.
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A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) defende um reforço dos apoios aos bombeiros no orçamento suplementar face ao duplo combate que os soldados da paz têm este ano: incêndios florestais e Covid-19.
A proposta foi apresentada por Catarina Martins este sábado, em Tondela, um dos concelhos mais afetados pelos incêndios de outubro de 2017, e onde a líder bloquista ouviu queixas relacionadas com a regeneração natural do eucalipto no pós fogo e com a não-limpeza dos espaços florestais.
"As associações de bombeiros estão com custos acrescidos na resposta à pandemia de covid e têm que ter a capacidade também para responder aos incêndios. Queremos que neste orçamento se dê aos bombeiros capacidade para responderem a esta duas urgências, como a todo o país", disse em declarações aos jornalistas.
Sobre os incêndios, Catarina Martins acrescentou que o país não pode descansar na prevenção, mas também no combate.
Para além dos fogos florestais, outra preocupação da coordenadora do BE são os ajuntamentos de pessoas. Esta sexta-feira à noite, numa festa ilegal, cerca de mil pessoas concentram-se na praia de Carcavelos.
"Não se podem permitir ajuntamentos, que como nós sabemos provocam problemas de saúde a tantas pessoas. Cada um de nós tem uma responsabilidade dupla: proteger quem está à sua volta e proteger o Serviço Nacional de Saúde e portanto não fazer a multiplicação de casos", declarou.
O novo ano letivo, que arranca dentro de três meses, também está a deixar apreensiva Catarina Martins. A líder bloquista considera "muito preocupante que as escolas" ainda não tenham recebido qualquer indicação da tutela sobre o que vai acontecer a partir de setembro.
Aos jornalistas, defendeu que é preciso contratar mais pessoal para garantir a segurança nos estabelecimentos de ensino. Propôs também a redução do número de alunos por turma.
"É a única forma de garantir que as escolas funcionam com segurança face a uma pandemia, a um problema que não vai estar terminado em setembro, infelizmente, e que permite que os alunos que foram mais prejudicados com o encerramento das escolas tenham mais acompanhamento para recuperar as aprendizagens onde não tiveram hipóteses de evoluir", afirmou.
Confrontada com a ideia defendida por Rui Rio que acha que o "Estado deve assumir já controlo da TAP" para depois, assim que seja possível, vender a companhia, Catarina Martins classificou como "estranha" esta posição do líder do PSD.
"Não se compreende que queira fazer com a TAP o mesmo que se fez com os bancos ao longo da crise financeira e com o Novo Banco. Nacionalizar para limpar com dinheiro público e depois entregar a um privado quando a empesa está equilibrada. Não, a TAP é uma companhia de bandeira e o país precisa dela", argumentou.
Já sobre o entendimento à esquerda até 2023, defendido por António Costa, como avança também hoje o semanário Expresso, Catarina Martins recorda que o Bloco antes mesmo da pandemia já "tinha proposto que fosse feito um acordo com horizonte de legislatura".
"O Bloco de Esquerda não muda de ideias: é preciso responder às urgências do país, agora falar-se de um acordo no ar, a nós diz-nos pouco. Nós gostamos de trabalhar sobre o que é o concreto das necessidades da população", rematou.