PSD e BE querem saber se Governo deu aval a aumento de salários de administradores da TAP
Os bloquistas e social-democratas questionam se o ministério tutelado por Pedro Nuno Santos "deu o aval à decisão de subida salarial dos três membros do conselho de administração".
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O BE perguntou esta terça-feira ao Governo se deu aval ao aumento de salários, "para quase o dobro", de três administradores da TAP e se está disponível para rever a decisão. Já o PSD, além da mesma pergunta, questionou o Governo se "já deu ou vai dar orientações para que decisão seja revertida com caráter imediato e efeitos retroativos".
Numa questão enviada para o Ministério das Infraestruturas e Habitação, através do parlamento, os bloquistas consideram que "não é compreensível ou aceitável que se estejam a prever cerca de 2000 despedimentos e reduções salariais de 25% aos trabalhadores e, ao mesmo tempo, se decidam subidas salariais na administração".
"Não se podem pedir todos os sacrifícios aos trabalhadores, enquanto os elementos da administração, que auferem salários muito acima da média da empresa, veem o seu rendimento aumentado de forma substancial", argumenta o Bloco de Esquerda.
Referindo-se aos mesmos aumentos, os deputados sociais-democratas consideram a situação, a confirmar-se, "deplorável".
"É deplorável que tal suceda quando se está na iminência de verificar na TAP o maior despedimento coletivo público de que há memória e a impor perdas significativas nos salários dos seus colaboradores", criticam os deputados do PSD.
A decisão do aumento dos três administradores "para quase o dobro" terá, segundo o Bloco, sido "tomada em outubro pela Comissão de Vencimentos da TAP, onde o Estado não está representado, mas à qual terá dado o seu aval".
"Está em causa o salário de Ramiro Sequeira, que passa de 17 mil euros para 35 mil euros brutos (com efeitos retroativos a setembro, quando foi nomeado CEO interino). Mas também de Miguel Frasquilho, que passa de 12 mil euros para 13,5 mil euros brutos por mês e de Alexandra Vieira Reis, que passa de 14 mil euros para 25 mil euros por mês", indica a deputada bloquista.
Isabel Pires conclui o texto sublinhando que plano de reestruturação da TAP "terá consequências sociais altamente prejudiciais para milhares de trabalhadores e respetivas famílias, sem referir que a empresa corre o risco de ficar diminuída a tal ponto que possa vir a ter muita dificuldade no momento de retoma da sua atividade".
Na segunda-feira à noite, numa publicação no Twitter, também o presidente do PSD, Rui Rio, já tinha lamentado os noticiados aumentos de administradores na TAP.
"O que um Governo de esquerda - que se diz sempre preocupado com os mais desfavorecidos - aprova em matéria salarial numa empresa falida que só sabe viver de mão estendida para o contribuinte ... o tal que suporta a brutal carga fiscal", escreveu Rio.
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Na pergunta entregue esta terça-feira no parlamento, os deputados sociais-democratas consideram que "não será deste modo que se encontra a paz social na empresa e se criam as condições para que qualquer plano seja coroado de êxito".
"Não será deste modo, manchando a reputação da empresa e descredibilizando-a perante Bruxelas, decidindo em sentido oposto ao que está inscrito no plano de reestruturação para os demais trabalhadores, que se negoceia com a Comissão Europeia em condições adequadas", lamentam.