Marisa Matias e João Ferreira garantem defender propostas distintas, mas no debate, esta noite, tiveram dificuldade em enumerar afinal, aquilo que os separa. O único momento do debate em que os dois candidatos se opuseram foi sobre a fatia do orçamento de Estado para a área da Saúde.
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Foram o braço direito da geringonça no primeiro governo de António Costa, aprovaram o primeiro orçamento do Estado do segundo executivo socialista. Os caminhos em paralelo afastaram-se quando as contas para 2021 foram aprovadas com a abstenção dos e o voto contra de bloquistas. Nas eleições para a presidência da república, os candidatos apoiados por estes dois partidos assumem algumas, muitas, convergências, e algumas, poucas, divergências.
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Tanto a candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda (BE), como o candidato apoiado pelo Partido Comunista limitaram-se a assinalar a existência de diferenças em "política nacional e internacional", como referiu Marisa Matias. João Ferreira justificou-se afirmando que "as preocupações são comuns, mas as perspetivas de as encarar não", deixando para os eleitores o exercício de assinalar as diferenças.
O único momento do debate em que os dois candidatos se opuseram foi sobre a fatia do orçamento de Estado para a área da Saúde e questões laborais, derivadas ainda do tempo da troika em Portugal. Marisa Matias, sem mencionar o PCP, lamentou "que a esquerda não tivesse sido mais firme. Se tivesse sido havia problemas já resolvidos". Na resposta, João Ferreira limitou-se a dizer, garantindo que não estava a atacar o BE, que "valorizo os que não desistem a meio do combate".
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Apesar de um laivo de cisão, os dois candidatos enalteceram o Serviço Nacional de Saúde. Partilharam elogios ao SNS e aos peritos que estão a acompanhar a evolução da pandemia. Tanto Marisa Matias, como João Ferreira consideram que "os especialistas devem ser ouvidos", no eventual prolongamento do estado de emergência e na adopção de medidas mais restritivas. Mas, mais uma vez, os candidatos presidenciais uniram-se nas críticas ao governo, por faltar com mais medidas de apoio económico.
A decisão da Galp, de encerrar a refinaria em Matosinhos, foi outro ponto que tomou boa parte da discussão, com Marisa Matias e João Ferreira - que momentos antes tinha manifestado que para si as questões ambientais não são questões menores - a revelarem, mais uma vez, uma sintonia è esquerda. Ambos os candidatos, apesar de admitirem que o fecho da refinaria pode ter um impacto positivo no ambiente, nesta altura, é necessário defender, acima de tudo, os direitos dos trabalhadores. Desde logo o direito a lutar pelos seus postos de trabalho.