Benavente "satisfeito" por estar "bem referenciado". Montijo diz ser "localização estratégica"
À TSF, Nuno Canta, autarca do Montijo, afirma que a base aérea "não exige investimento público", enquanto Carlos Coutinho, presidente da câmara de Benavente, pede que se deixe os técnicos "fazer o seu trabalho".
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Os presidentes das câmaras do Montijo e de Benavente estão satisfeitos por estarem nas nove opções escolhidas pela comissão técnica independente para o novo aeroporto de Lisboa. O Montijo é mesmo o mais representado nas soluções, mas o autarca local tem uma preferência.
"É uma localização estratégica para o desenvolvimento da península de Setúbal e também para o desenvolvimento da própria região de Lisboa. É só por isso que nós temos insistido muito nesta visão de fazermos na base aérea. Além da base aérea, tem uma consequência muito evidente para o país. Não exige investimento público, e isso é muito importante, porque a haver uma infraestrutura de maior dimensão é obrigatório haver investimento público e esse leva a endividamento do país. Não existe compras de terrenos, porque o terreno é do Estado e não é o mesmo que em Pegões ou em Rio Frio em que se tem de comprar os terrenos para a construção do aeroporto", explica à TSF o presidente da Câmara Municipal do Montijo, Nuno Canta.
E argumenta: "Por isso é que foi sempre a opção Montijo ou, na altura, o campo de tiro. Os dois eram terrenos do Estado, neste caso do Ministério da Defesa Nacional. Portanto, esses dois terrenos não se compram. O investimento aqui é muito baixo e, além disso, ao contrário do campo de tiro, a nossa base aérea número 6 como já é hoje um aeroporto só que militar, é uma base, ela própria já tem infraestrutura de aviação. Apenas tem de ser acrescentada e melhorada. O prazo temporal para a concretização dessa infraestrutura é muito encurtado e isso tem um benefício em dias para o país e para o turismo nacional."
Quanto a Pegões, também no município do Montijo, Nuno Canta considera que já não é um espaço tão bom para o aeroporto.
"É um espaço muito agrícola, que tem muitas funções, e que penso que a função aeroportuária já fica a uma distância significativa não só do Montijo, porque é uma zona interior - já é a caminho de Vendas Novas, estamos a falar de espaços perto de Vendas Novas -, e é também um espaço que tem alguma distância. Agora, tem verdadeiramente uma função fundamental. Tem a possibilidade de ter comboio perto. Há uma linha, a linha ferroviária do Sul, tem possibilidade de desenvolver aí algumas questões. Portanto, também é um território montijense. Isto também é Montijo-Pegões. Como se costuma dizer, tem direito a existir, mas só vem trazer, do meu ponto de vista, alguma confusão", considera o autarca.
Carlos Coutinho pede "serenidade"
Pelo seu lado, o presidente da Câmara Municipal de Benavente afirma estar satisfeito por estar nesta fase, mas pede espaço para que a comissão técnica faça o seu trabalho e cumpra os prazos.
"Obviamente que estamos satisfeitos nesta altura e nesta fase por, com aquilo que foram os critérios que foram seguidos pela comissão independente, nós aparecermos bem referenciados. Mas, como digo, entendemos que nesta fase deve haver serenidade. Foram 50 anos sem decisão. Permita-se que a comissão técnica faça o seu trabalho e que o país possa encontrar a melhor solução. Aquilo que nesta fase é fundamental é que a comissão possa desempenhar a sua função, se cumpram os prazos e que rapidamente o país encontre um rumo que é absolutamente necessário", disse Carlos Coutinho à TSF.
Ainda assim, o autarca considera que o campo de tiro da Força Aérea continua a ser uma solução, depois de já ter sido alvo de uma decisão em 2008.
"Creio que deveremos todos nós, mesmo aqueles que têm responsabilidades políticas, confiar nos técnicos que estão a avaliar as diferentes soluções e acho que se exige para o país é que possamos ser a melhor solução para os interesses do país. Obviamente que cada um de nós, autarcas, gostávamos que esta infraestrutura pudesse ficar no nosso território. Eu creio que, no caso concreto, o campo de tiro da Força Aérea que já em 2008 foi objeto de uma decisão e se tivesse sido construído estávamos com o problema resolvido no país", reflete.
E acrescenta: "Não foi assim que aconteceu, mas temos a expectativa de que possa acontecer. Acima de tudo, que a nossa comissão independente possa fazer o seu trabalho e que possa construir um conjunto de soluções que possam depois ter decisão política com base em algo que sirva os interesses do país."
A comissão independente que está a estudar a nova localização do aeroporto de Lisboa acaba de divulgar, esta quinta-feira, quais as opções que passam à fase de um estudo mais detalhado. Além das cinco definidas em Conselho de Ministros há mais quatro opções estratégicas: Aeroporto Humberto Delgado mais Campo de Tiro de Alcochete, Aeroporto Humberto Delgado mais Pegões (concelho de Vendas Novas), Pegões, Rio Frio mais Poceirão.
As cinco opções que já tinham sido definidas no final do ano passado, em resolução do Conselho de Ministros, são: Humberto Delgado mais Santarém, Humberto Delgado mais Montijo, Montijo como aeroporto principal e Humberto Delgado secundário, Santarém e Campo de Tiro de Alcochete.